A Catalunha vai as urnas para começar um possível processo de independência. Não é segredo para ninguém que a região que abriga Barcelona tem um forte sentimento nacionalista e reprova o governo de Madrid. Mas, o que parece algo estritamente político envolve algo a mais: A paixão pelo futebol.
Caso a Catalunha se separe, já foi declarado por autoridades espanholas e também por grandes nomes da La Liga que o Barça não iria disputar mais os campeonatos na Espanha. Assim sendo, temos três possíveis cenários para o FC Barcelona e demais clubes da região da Catalunha. Segue abaixo os cenários:
Messi e Neymar comemoram gol (Crédito: AP Photos/ Manu Fernandez)
Cenário 1
No primeiro cenário, o mais provável na humilde opinião desse que vos escreve, a imprensa, torcedores e os patrocinadores acabam fazendo uma enorme pressão sobre o governo espanhol e sobre a La Liga e estes acabam por liberar a participação dos times da Catalunha no Campeonato Espanhol. Vale lembrar que segundo as leis nacionais, times de outros países não podem participar de competições nacionais da Espanha. Mesmo com essa liberação, muitas rusgas, polêmicas e protestos ocorrerão. Vários times não aceitarão que os times que não fazem mais parte da Espanha usufruem de vagas na Champions League e de ter a chance de vencer as competições nacionais.
A La Liga cumpre sua palavra e barra o Barcelona e os demais clubes da Catalunha. Dessa forma, a federação da Catalunha seria obrigada a criar seu próprio campeonato. Isso faria com que o Barcelona e os demais clubes perdessem muito dinheiro pois a La Liga ainda seria forte porque times como Real Madrid, Atlético, Valência, Sevilla e Bilbao continuariam. Ao se criar uma liga se precisa de reconhecimento da UEFA e FIFA. A política estaria muito envolvida e Madrid poderia interferir e influenciar as decisões. Mesmo se criada, a liga seria fraca pois na teoria não terá muitos clubes com o mínimo de tradição no futebol.
A organização e os patrocinadores seriam uma dificuldade no início. Além disso, não podemos nos esquecer do coeficiente de clubes de cada país. Se a Catalunha se tornar independente, o coeficiente será inicialmente zero pois os títulos do Barcelona foram conquistados quando este fazia parte da Espanha. Dessa forma abrimos três "mini-cenários":
No primeiro, o Barcelona seria convidado pela UEFA para disputar a Champions League mas claro que isso faria com que diversos clubes protestassem. No segundo cenário, o Barcelona disputaria os play-offs desde o início, assim como os clubes de países com pouca expressão. No pior dos cenários, a UEFA demora um certo tempo ou até não reconhece a federação da Catalunha e o Barça não joga a Champions.
Cenário 3
O menos provável é este cenário. A Liga não aceita o Barcelona e a liga Catalã não dá certo. Dessa forma o Barcelona acaba sendo convidado para jogar outra liga em outro país. Na internet, várias pessoas sugeriram isso. E esse é o mais improvável pelos seguintes motivos. Por qualquer que seja a liga, é muito difícil o Barça começar na primeira divisão. Muitos times seriam contra a inclusão de um time muito forte, ou seja, outro forte candidato a título. Ainda haveria a questão das vagas em competições europeias.
Grande parte dos catalães não gostariam pois logo quando conseguem sua independência, seu maior clube jogará um campeonato de outro país com o qual a Catalunha pouco tem a ver. Muitos ainda citam a França e a Inglaterra como exemplos. A situação do Mônaco na França é muito simples. A relação da França com Mônaco é muito boa, ao contrário da Catalunha com a Espanha. Na Inglaterra, o País de Gales faz parte do Reino Unido, que por sua vez engloba além dele, a Inglaterra, Escócia e Irlanda do Norte. Lá, cada um pode ter seu próprio campeonato se quiser, caso da Escócia, ou se juntar, caso de Inglaterra e País de Gales.
Conclusão:
Qualquer que seja o resultado, a independência da Catalunha vai ocorrer mais cedo ou mais tarde. O futebol é uma paixão e tudo vai acabar sendo decidido por interesse de pessoas que não procuram o bem do esporte e sim do poder e do dinheiro. Resta aos apaixonados pela bola torcer pelo melhor dos cenários e fazer a nossa voz, a de quem ama esse esporte, ser ouvida. Futebol não é feito por homens de terno. É feito por jogadores, comissão técnica e torcedores.
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