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domingo, 25 de janeiro de 2015

O FIM DA ERA 2013/2014 E A INCERTEZA DO RECOMEÇO

Nas últimas semanas muitos cruzeirenses têm ficado com o coração apertado ao ver o elenco bicampeão brasileiro se dilacerar. Algumas vendas e negociações pontuais já eram esperadas por todos, afinal, é quase impossível um time tão vitorioso não receber propostas por seus jogadores, porém estas ultrapassaram os limites até daqueles mais otimistas.

Agradecimento aos céus por mais um título. (Foto: Doug Patrício)
                                                                                                     

Tudo começou com a não renovação de Borges, anunciada ainda em dezembro. Logo após foi anunciado que Samúdio também não teria seus vínculos renovados. Marlone, que foi apresentado no início de 2014 como promessa e não correspondeu às expectativas, foi o próximo. Vale lembrar também da novela Dagoberto que se estende até hoje.
O desligamento do diretor de futebol Alexandre Mattos, que esteve durante dois anos trabalhando pelo Cruzeiro, foi o ponto de maior motivo de comoção até então. O trabalho feito pelo dirigente era visto como crucial para muitos, pois ele foi o mediador das contratações que formaram o time bicampeão brasileiro. Devido às divergências de opiniões com o presidente Gilvan de Pinho Tavares, Alexandre optou pelo acerto com o Palmeiras.
Com exceção do ocorrido com Mattos, as demais dispensas eram vistas como naturais e necessárias não apenas pela diretoria, mas também pela torcida, pois o custo-benefício não era agradável. Era preciso renovar.
No entanto, a preocupação começou a rondar sutilmente a mente dos torcedores celestes quando foi anunciada a volta de Marcelo Moreno ao Grêmio. Tanto a torcida celeste quanto o jogador boliviano desejavam essa permanência no Cruzeiro, graças à grande identificação que possuem entre si, mas os valores requeridos pelo clube gaúcho eram muitos altos.
As saídas de Egídio e Nilton para Dnipro e Internacional, respectivamente, também foram declaradas, quase que de forma simultânea. A perda do lateral-esquerdo foi o princípio da bola de neve de aflições azuis, afinal, sua posição é escassa de atletas com potencial. Já a transferência de Nilton foi aceita de maneira mais branda pelos torcedores, pois o jogador não fez uma temporada tão produtiva como a de 2013.
Pode-se dizer que a bomba estourou com a venda de Ricardo Goulart para o clube chinês Guangzhou Evergrande. O destaque do bicampeonato era visto por todos como uma peça essencial para a temporada 2015, porém deixou uma lacuna no esquema tático do técnico Marcelo Oliveira. Quem faria dupla com o Éverton Ribeiro agora? A partir desse momento a era 2013/2014 tornou-se cada vez mais distante dos olhos cruzeirenses. Dúvidas, julgamentos e críticas sobre a diretoria do clube vieram à tona intensamente.
Em meio a tantas incertezas diante do Cruzeiro, Lucas Silva foi anunciado pelo Real Madrid. As especulações sobre a transferência do “diamante azul” para o clube espanhol não eram novidade para ninguém, entretanto, a concretização do negócio deixou outra grande e temida lacuna no elenco, já que o volante foi de suma importância nos últimos dois anos.
Por fim, Éverton Ribeiro, o craque do time. O atleta recebeu propostas do Milan e do Al Ahli, dos Emirados Árabes Unidos, para onde provavelmente será transferido, uma vez que os valores oferecidos agradam mais, não somente a diretoria, mas principalmente o jogador, que receberá R$ 1,13 milhão por mês. A permanência do “motorzinho” do Cruzeiro tornou-se um sonho e sua transferência deve ser anunciada nos próximos dias.

Comemoração celeste por mais um gol. (Foto: Luiz Costa/Hoje em Dia)

Diante de tantas perdas, já era de se esperar uma reação inflamada da torcida cruzeirense, que se acostumou com a qualidade de seu elenco. Não é fácil perder tantos jogadores assim, de uma vez, todavia é necessário colocar a mão na consciência e aceitar que, de qualquer forma, choveriam propostas pelos atletas celestes.  Não há time vencedor que não seja assediado. Não há culpados, é simplesmente a lei do futebol.
Repensar é a palavra. Repensar nos anseios dos jogadores. Repensar na necessidade do clube em aumentar o caixa. Repensar que se torce pelo CRUZEIRO, não pelo jogador, por mais que haja carinho por ele. Repensar que o sócio é indispensável para um time campeão e que aquele que cogita cancelá-lo por futilidades não é digno de ser denominado torcedor. Repensar na renovação, simplesmente, pois mais cedo ou mais tarde, ela chegaria.
Que um voto de confiança ao Dr. Gilvan seja dado. O presidente, que assumiu o Cruzeiro após a conturbada gestão Perrela, merece respeito pela competência com que tem feito seu trabalho. Os frutos colhidos pelo clube e contratações realizadas até o presente momento são a prova disso: Fabiano, Riascos, Leandro Damião, Joel, Seymour e De Arrascaeta, que foi tão comemorado pela China Azul. Negociações com Mena, Arouca, Pará, Leandro Almeida e Centurion também estão em pauta e devem ter fim em breve.

                                
Arrascaeta é o novo reforço do Cruzeiro. (Foto: Euler Júnior/EM/D.A Press)

A incerteza e o medo do futuro tomarão conta dos cruzeirenses, como aconteceu em 2013. O elenco está praticamente renovado, possuirá um novo esquema tático e cabe agora confiar na capacidade do técnico Marcelo Oliveira de lapidá-lo. Em 2013 muitos fizeram fortes críticas às contratações e o resultado foi totalmente avesso. Resta esperar que a história se repita e que bocas sejam caladas.



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