Nas últimas semanas muitos cruzeirenses têm ficado com o coração apertado ao ver o elenco bicampeão brasileiro se dilacerar. Algumas vendas e negociações pontuais já eram esperadas por todos, afinal, é quase impossível um time tão vitorioso não receber propostas por seus jogadores, porém estas ultrapassaram os limites até daqueles mais otimistas.
Agradecimento aos céus por mais um título. (Foto: Doug Patrício)
Tudo começou com a não renovação
de Borges, anunciada ainda em dezembro. Logo após foi anunciado que Samúdio
também não teria seus vínculos renovados. Marlone, que foi apresentado no
início de 2014 como promessa e não correspondeu às expectativas, foi o próximo.
Vale lembrar também da novela Dagoberto que se estende até hoje.
O desligamento do diretor de
futebol Alexandre Mattos, que esteve durante dois anos trabalhando pelo
Cruzeiro, foi o ponto de maior motivo de comoção até então. O trabalho feito
pelo dirigente era visto como crucial para muitos, pois ele foi o mediador das
contratações que formaram o time bicampeão brasileiro. Devido às divergências
de opiniões com o presidente Gilvan de Pinho Tavares, Alexandre optou pelo
acerto com o Palmeiras.
Com exceção do ocorrido com
Mattos, as demais dispensas eram vistas como naturais e necessárias não apenas
pela diretoria, mas também pela torcida, pois o custo-benefício não era
agradável. Era preciso renovar.
No entanto, a preocupação
começou a rondar sutilmente a mente dos torcedores celestes quando foi anunciada
a volta de Marcelo Moreno ao Grêmio. Tanto a torcida celeste quanto o jogador
boliviano desejavam essa permanência no Cruzeiro, graças à grande identificação
que possuem entre si, mas os valores requeridos pelo clube gaúcho eram muitos
altos.
As saídas de Egídio e Nilton
para Dnipro e Internacional, respectivamente, também foram declaradas, quase
que de forma simultânea. A perda do lateral-esquerdo foi o princípio da bola de
neve de aflições azuis, afinal, sua posição é escassa de atletas com potencial. Já a transferência de Nilton foi aceita de
maneira mais branda pelos torcedores, pois o jogador não fez uma temporada tão
produtiva como a de 2013.
Pode-se dizer que a bomba estourou com
a venda de Ricardo Goulart para o clube chinês Guangzhou Evergrande. O destaque do bicampeonato era visto por todos
como uma peça essencial para a temporada 2015, porém deixou uma lacuna no
esquema tático do técnico Marcelo Oliveira. Quem faria dupla com o Éverton
Ribeiro agora? A partir desse momento a era 2013/2014 tornou-se cada vez mais
distante dos olhos cruzeirenses. Dúvidas, julgamentos e críticas sobre a
diretoria do clube vieram à tona intensamente.
Em meio a tantas incertezas diante do
Cruzeiro, Lucas Silva foi anunciado pelo Real Madrid. As especulações sobre a
transferência do “diamante azul” para o clube espanhol não eram novidade para
ninguém, entretanto, a concretização do negócio deixou outra grande e temida
lacuna no elenco, já que o volante foi de suma importância nos últimos dois
anos.
Por fim, Éverton Ribeiro, o
craque do time. O atleta recebeu propostas do Milan e do Al Ahli, dos Emirados Árabes Unidos, para onde provavelmente
será transferido, uma vez que os valores oferecidos agradam mais, não somente a
diretoria, mas principalmente o jogador, que receberá R$ 1,13 milhão por mês. A
permanência do “motorzinho” do Cruzeiro tornou-se um sonho e sua transferência deve
ser anunciada nos próximos dias.
Comemoração celeste por mais um gol. (Foto: Luiz Costa/Hoje em Dia) |
Diante de tantas
perdas, já era de se esperar uma reação inflamada da torcida cruzeirense, que se
acostumou com a qualidade de seu elenco. Não é fácil perder tantos jogadores
assim, de uma vez, todavia é necessário colocar a mão na consciência e aceitar que,
de qualquer forma, choveriam propostas pelos atletas celestes. Não há time vencedor que não seja assediado.
Não há culpados, é simplesmente a lei do futebol.
Repensar é a
palavra. Repensar nos anseios dos jogadores. Repensar na necessidade do clube
em aumentar o caixa. Repensar que se torce pelo CRUZEIRO, não pelo jogador, por
mais que haja carinho por ele. Repensar que o sócio é indispensável para um
time campeão e que aquele que cogita cancelá-lo por futilidades não é digno de
ser denominado torcedor. Repensar na renovação, simplesmente, pois mais cedo ou
mais tarde, ela chegaria.
Que um voto
de confiança ao Dr. Gilvan seja dado. O presidente, que assumiu o Cruzeiro após
a conturbada gestão Perrela, merece respeito pela competência com que tem feito
seu trabalho. Os frutos colhidos pelo clube e contratações realizadas até o
presente momento são a prova disso: Fabiano, Riascos, Leandro Damião, Joel,
Seymour e De Arrascaeta, que foi tão comemorado pela China Azul. Negociações
com Mena, Arouca, Pará, Leandro Almeida e Centurion também estão em pauta e
devem ter fim em breve.
A incerteza e
o medo do futuro tomarão conta dos cruzeirenses, como aconteceu em 2013. O
elenco está praticamente renovado, possuirá um novo esquema tático e cabe agora
confiar na capacidade do técnico Marcelo Oliveira de lapidá-lo. Em 2013 muitos
fizeram fortes críticas às contratações e o resultado foi totalmente avesso.
Resta esperar que a história se repita e que bocas sejam caladas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário