Eu
ainda dormia quando o telefone deu sinal. Com os olhos apertados, mal divisei as
felizes palavras da notícia: “Confirmado, Bernard volta ao Galo”. Um átimo de
felicidade tomou conta de minha alma e um sorriso esguio pulou saltitante dos
meus lábios. A esposa dormia abraçada ao nosso filho, e pude ver que ele também
sorria ao seu canto, enquanto olhava fixamente nos meus olhos. Amanhecemos
felizes de fato.
Com
o telefone caído sobre o peito, ainda com o largo sorriso na cara, comecei a
remontar o time alvinegro, agora com mais opções, e, novamente com o velho espírito
da Libertadores. Certamente, haveríamos de ser campeões. O Bernard estaria de
volta, e isto já nos seria um grande trunfo, a nossa eterna garantia de
vitórias. E falo do antigo “Bambino de ouro”, não o da “Alegria nas pernas”,
que este fique ao Felipão.
Não
há dúvidas, os milagres continuariam a ser realizados no gol, com São Víctor
arrebentando com os sonhos dos ataques adversários; Nas laterais, Marcos Rocha
continuaria o seu reinado, enquanto Douglas Santos, graças a Deus, deixaria o
Conceição como gandula. Leonardo Silva haveria de ensinar todos os seus
segredos ao Jemerson, fazendo do Réver um inesquecível herói na nossa galeria
de heróis, apenas isto.
Leandro
Donizete, com toda a sua ferocidade, formaria uma dupla implacável com o
malemolente Rafael Carioca, enquanto o Pierre não reencontrasse o seu melhor
antigo futebol. No meio, Cárdenas, deixando o Guilherme no banco de reservas,
haveria de destronar o R 10, bailando sobre as defesas adversárias, desfilando
seus passes milimétricos para que o trio ofensivo enchesse o balaio dos
oponentes.
Na
frente, voltaríamos à velha correria de outros tempos, com o Bernard caindo
pela esquerda e o Luan com suas maluquices pela direita, ambos sem guardar
posição, misturando-se, confundindo os adversários, abrindo caminho para que
Lucas Pratto fizesse-nos, ainda que por alguns instantes, esquecer as belas
jogadas do Tardelli. Pratto faria os gols, e isto nos seria de bom agrado.
Mas eis que a minha
felicidade não se completara. Eu já voltava ao estado de sonambulismo quando o
sinal do telefone novamente me despertara. A nova notícia, como que me jogando
um balde de água fria, dizia: “Mais um para a conta do bobo”. Era primeiro de
Abril.
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