Boa tarde galera do Vai Que Tô Te Vendo, tive a honra de entrevistar um convidado muito especial, o icônico, irreverente e bem humorado Fabiano Baldasso, jornalista esportivo da Rede Atlântida.
Vamos ver como foi essa entrevista.
Baldasso saiu da Rede Bandeirantes e voltou ao Grupo RBS. |
ENTREVISTA:
- Como você se sente voltando ao Grupo RBS depois de sete anos fora?
Baldasso:
É uma honra voltar o grupo RBS porque foi a empresa que me formou, eu trabalhei 13 anos na Rádio Gaúcha, foi ali que eu comecei a 20 anos e fui moldado como profissional dentro da RBS. É claro que estar na Atlântida é um pouco diferente mas dentro da RBS a gente acaba espraiando as possibilidades de trabalho, daqui a pouco estar atuando em outros meios também. É muito bom, é um novo momento da minha carreira, é um novo momento na vida da RBS e eu estou de volta tratando de futebol que é o que eu aprendi e sei fazer. Trabalhando na Atlântida que é uma empresa que produz muito conteúdo não só pra rádio e sim em web e isso foi o que mais me encantou pra poder voltar, porque eu acabei na minha vida profissional ampliando um pouco minha ação que inicialmente era do rádio e depois foi de TV, pra também o mundo web que eu gosto muito e atuo muito.
- O futebol brasileiro passa por uma visível decadência tática, ao que você atribui a culpa desse fato?
Baldasso:
O futebol brasileiro não passa por decadência tática, o futebol brasileiro nunca primou por nada que envolvesse questões táticas. O futebol brasileiro e sua história vencedora de 5 Copas do Mundo não tem uma revolução táticas estabelecida para a humanidade, ao contrário de outros países, alguns até que nem Copa do Mundo ganharam. O Brasil sempre primou pelas questões técnicas, nós fomos sempre formadores de grandes jogadores de futebol e em uma época em que isso era suficiente nós ganhamos muitas copas, ganhamos muitos jogos e ganhamos muitas competições. Só que o futebol moderno dividiu um pouco as necessidades, hoje a necessidade técnica ainda existe, mas ela está colocada no mesmo tamanho que a necessidade tática, psicológica, física e quem não consegue aliar todos esses fatores não chega a lugar algum. Então o Brasil ficou pra trás, porque nós taticamente, não é agora, nós nunca nos preocupamos com questões táticas, nós sempre tivemos atrás, nós sempre copiamos fórmulas táticas de outros países. O 3-5-2 chegou no Brasil quando ele nem era mais usado na Europa e assim nós somos, nós temos alguns treinadores do Brasil dentro da nova ideia, especialmente depois do 7 a 1 que nós tomamos de buscar algumas coisas diferentes pra voltarmos a se equiparar ao futebol da Europa. Nós temos alguns técnicos evoluídos do Brasil, nós temos o Roger no Grêmio, especialmente o Tite que é melhor técnico brasileiro, talvez esteja plantada a semente pra que jovens treinadores surjam com ideias táticas inovadoras, ao contrário dos velhos medalhões que simplesmente amontoavam jogadores em campo por uma época em que se tivesse bons jogadores era o suficiente pra vencer. Não é mais, mas eu repito, não é que nós estamos em decadência tática, nós nunca tivemos nenhuma noção tática no Brasil.
- Quais países você atribui ATUALMENTE a alcunha de "ESCOLA DE FUTEBOL"?
Baldasso:
O Brasil é uma escola de futebol, o Brasil é a principal escola de futebol do mundo no que diz respeito a questões técnicas. Taticamente nós temos alguns países que contribuíram demais na história.
O futebol tem três grandes revoluções táticas:
- A Hungria de 54 de Puskas com seu 4-2-4, aquilo foi inovador na época embora essa seleção não tenha ganho aquela copa, ela mudou a forma de se jogar futebol, ela organizou a forma de se jogar futebol, é o primeiro desenho tático de qualidade elaborado conhecido aquela Hungria de 54.
- A Holanda de 74, pra mim a maior de todos os tempos em que o futebol solidário apareceu, marcação sob pressão, agrupamento, tabelamento, aquela seleção da Holanda estabeleceu uma tendência de se jogar futebol que até hoje se obedece. Ela reensinou o mundo jogar futebol, claro que as coisas a partir dali em alguns momentos foram se perdendo, o futebol acabou ficando mais defensivo com a evolução física e em alguns momentos nós passamos a ter um futebol de menos qualidade, menos bonito de se ver por conta das preocupações defensivas.
- E aí veio a terceira grande revolução da história do futebol, que é o Guardiola em 2008, que reensinou o mundo a jogar pra frente com valorização de posse de bola, com tabelamento na frente, com infiltração, com compactação, devolveu a marcação sob pressão na saída de bola do adversário.
Então são essas as três grandes revoluções da história do futebol, não são exatamente escolas embora tenha húngara e a holandesa que tenha marcado na história do futebol com essas revoluções táticas. São pessoas que revolucionaram o futebol taticamente, o Cruyff que é um dos mais importantes, falecido nessa semana, é um dos nomes mais importantes na contribuição tática pra história do futebol; o Guardiola é um nome histórico; o Rinus Michels da seleção holandesa de 74; o Mourinho é o um importantíssimo; então são mais pessoas do que escolas que estabeleceram revoluções táticas na história.
- Qual sua opinião sobre as fases da dupla Gre-Nal atualmente?
Baldasso:
A dupla GreNal atingiu um outro patamar dos últimos anos, de briga por coisas maiores por conta do quadro de associados. Nós deixamos de viver uma realidade regional com esporadicamente buscando algo maior lá fora, pra uma realidade em que a torcida cobra as vitórias em âmbito maior aconteçam, tanto que o Campeonato Gaúcho hoje não é comemorado por mais ninguém no Rio Grande do Sul como era antigamente. Eu acho que a dupla GreNal nesse exato momento se readéqua a uma realidade de dificuldade financeira do futebol. O Grêmio fez isso antes, o Grêmio está melhor elaborado nesse sentido e o Inter começou a fazer, mas eu acho que essa transição ainda tem pontos importantes pra serem determinados e quem for mais competente vai aparecer melhor ali na frente. Me parece o Grêmio melhor elaborado nesse sentido, administrativamente nesse momento do que o Inter.
- Melhor jogador do planeta atualmente pra você?
Baldasso:
A continuidade faz do Messi um jogador diferente na história de futebol. Eu acho que o melhor Ronaldinho Gaúcho foi melhor que Messi, o melhor Ronaldo Nazário foi melhor que Messi, o melhor Pelé foi melhor que Messi e aí que eu acho que a comparação entre Messi e Pelé pode ser estabelecida. O Pelé foi o melhor jogador do mundo de 1958 a 1970, durante 12 anos e o Messi é o melhor do mundo a bastante tempo. Isso coloca ele em um patamar diferenciado, eu não acho tecnicamente olhando isoladamente que o Messi seja melhor que outros grandes jogadores do futebol mundial, mas ele há mais tempo é melhor. O Ronaldinho foi encantador durante 2 anos, o Kaká foi durante 1 ano, o Ronaldo Nazário foi durante 3-4 anos, o Messi é a mais tempo e isso vai colocar ele numa ideia diferente. Eu gosto muito do Cristiano Ronaldo, mas acho que o Messi em conquistas, mesmo que tenha jogado em times melhores que o Cristiano Ronaldo, ele acaba se sobressaindo também. Talvez se eu olhasse bola por bola dentro de campo eu escolhesse o Cristiano Ronaldo do que Messi, mas o Messi está construindo uma história de continuidade que está colocando ele em um patamar diferente.
- Quem serão os finalistas do Mundial de Clubes pra ti?
Baldasso:
Obviamente o Barcelona é uma expoente, disparadamente o melhor time do mundo nesse momento e deve ser um dos finalistas do mundial. E, da América, eu acho que neste momento quem tá jogando melhor futebol é o Atlético Mineiro, mas vai saber o que vai acontecer.
Pergunta do colunista do Grêmio no VQTTV Igor Muller:
- Qual sua perspectiva do Grêmio na Libertadores e quais as necessidade que você encontra no elenco para serem reparadas para se manter o nivel competitivo?
Baldasso:
O Grêmio é um dos candidatos ao título da Libertadores embora tenha caído bastante no que diz respeito ao desempenho dentro de campo com o mesmo treinador e basicamente com o mesmo grupo do ano passado. A famosa fadiga dos metais, o Roger precisa se reinventar e reinventar a formação e movimentação do time do Grêmio, o desempenho é ruim mas a possibilidade de classificação ainda é forte, o Grêmio tem qualidade de grupo suficiente pra brigar pela Libertadores mas vai precisar jogar melhor. Eu acho que tá colocado o grande desafio pro Roger como treinador de futebol, reinventar esse time do Grêmio que jogava tão bem com ele no ano passado e que nesse ano não dizer não repete o mesmo desempenho.
Foi uma conversa bem legal com o Baldasso, desde já agradeço ele pela oportunidade de nossa conversa.
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