Washington, o Coração Valente |
"Acredito que os dois times eram muito fortes, tanto tecnicamente como mentalmente; não à toa, um conquistou o Campeonato Brasileiro de 2010 e o outro chegou à final da Libertadores de 2008 sendo a melhor campanha e com condições de ter sido campeão. Então, eram grandes times, com jogadores diferenciados e elencos muito fortes;realmente, é difícil comparar os dois elencos."
2- Você é um dos ídolos da torcida Tricolor, por conta dos títulos e gols históricos que você fez pelo Flu, como o da semifinal de 2008. O que você pensa sobre a atual situação do tratamento que os ídolos Tricolores estão tendo por parte da diretoria, como o Fred e o Marcão?
"Essa é uma situação que eu acho que Fluminense poderia saber administrar melhor. Por exemplo, estive uns dias no Atlético Paranaense e lá tem um exemplo muito bacana: todas comissões técnicas de todas as categorias de futebol(do sub-13 até o profissional) têm pelo menos um ex-jogador identificado com o clube trabalhando; claro que deve-se mostrar competência para tal, mas, enfim, eles valorizam bastante os ex-jogadores do Atlético, até para passar suas experiências para a garotada e para os novos contratados. É difícil dizer a situação no Flu, principalmente do Fred, eu não estava lá dentro para saber a maneira como foi. Mas o Marcão, que sempre lutou e foi valorizado pelo clube, também acabou saindo dessa maneira. Então, repetindo, eu acho que o Fluminense poderia ter uma forma de administrar melhor os grandes ídolos que fizeram história por lá."
3- Em 2008, pós-Libertadores, o time perdeu muita força para continuidade do Brasileiro, e acabou brigando contra o rebaixamento. O que você achou da atitude do Renato Gaúcho de poupar tanto o time na época? E o que acha que foi essencial no grupo pra conseguirmos fugir do rebaixamento e você sagrar-se artilheiro daquele brasileirão?
"Na questão do Renato, realmente, ele acabou poupando no início do Campeonato Brasileiro porque a gente estava nas finais da Libertadores e foi para evitar lesões de jogadores importantes, uma coisa natural. E, realmente, depois de não termos conquistado a Libertadores, sofremos uma caída no time e passamos por uma situação muito difícil, escapando do rebaixamento nas últimas rodadas. Acho que a falta de confiança pesou, o time caiu de produção; e no Campeonato Brasileiro tudo é muito difícil, ai quando você já começa mal e atrás dos demais, é muito difícil recuperar. Daí, Renato saiu, veio o Cuca, que não se adaptou e também saiu, e, por fim, chegou Renê Simões; com ele conseguimos escapar do rebaixamento do tranquilo e ainda me tornei o artilheiro do campeonato naquele ano. Isso, para mim, foi um orgulho muito grande: ser artilheiro vestindo a camisa do Fluminense. Por isso, pelo menos para mim, particularmente, acabou sendo um ano bom; mas, é claro, se tivéssemos conquistado o título da Libertadores seria ainda melhor."
4- Washington, você foi diagnosticado com problema cardíaco, e, depois de tudo, ainda continuou jogando uma das melhores fases do seu futebol; o que te levou ao Fluminense e o que não te fez desistir?
"Realmente, foi um momento muito difícil para mim ter tido esse problema cardíaco; estava no Fenerbahçe-TUR na oportunidade. Mas o que me levou a passar por isso foi a fé em Deus, em primeiro lugar, e a força de vontade de poder voltar a jogar. Mesmo com alguns médicos não assinando a minha volta, teve um médico, amigo do Dr.Constantino(meu cardiologista), que, depois de vários exames "ok", apesar do problema sério, me liberou; acho que a força de vontade, o querer voltar, o querer jogar futebol, superou tudo isso e me ajudou muito; por isso, tive essa condição de voltar a jogar e, graças a Deus, voltar em um alto nível, sendo artilheiro do Brasileiro duas vezes( no Atlético-PR e no Fluminense), sendo artilheiro e campeão mundial no Japão. Enfim, ter conseguido várias artilharias e títulos; então, a gente fica muito feliz por ter superado todo esse problema."
5- Washington, você, sendo um ex-jogador adorado por todos os tricolores, poderia escolher, ao meu ver, qualquer chapa de eleição que seria bem-vindo na tal; E então, por que optou em apoiar Celso? Foi questão de amizade mesmo? E o que você espera de Abad?
"Eu tenho uma identificação muito grande com o Fluminense, acompanho a equipe, vejo todas as notícias mesmo um pouco de longe, e eu tive o convite do Dr. Celso para estar junto com ele na chapa; e, ele sendo presidente, eu comandaria o futebol; acabou não acontecendo, mas a gente apoiou o Celso, primeiro pela amizade, lembrando que foi ele que me contratou na época que ele estava na Unimed-Rio e eu vindo do Japão. Sei que o Celso iria ajudar muito o futebol do Fluminense, ele investiria no futebol, a paixão dele; é claro que ele ia ver o clube como um todo, mas o que puxaria a carroça seria o futebol, esse que traz torcida, títulos, o nome do Fluminense forte. Por isso, eu, sem problema nenhum, apoiei ele e, infelizmente, acabou não acontecendo. E então, a gente torce para que o Abad consiga, ele sabe que estamos vindo de um momento difícil da outra administração, principalmente dentro de campo. É a continuidade da outra administração, mas a gente torce para que dê uma ênfase dentro do futebol para conquistar os títulos e as vitórias que todo torcedor quer ter no clube."
6- No Fluminense, você teve parceiros no setor ofensivo de muita qualidade, qual deles você mais gostou de jogar?
"Olha, tive vários jogadores companheiros de ataque de muita qualidade, difícil citar um só. No começo, o Macedo na Ponte Preta, depois, o próprio Conca no Fluminense, que jogava de meia e também como parceiro no ataque, o Thiago Neves, que é um meia avançado, também jogava comigo no ataque, o Emerson Sheik, o próprio Fred, também jogamos alguns jogos juntos, Dagoberto no São Paulo. Então, tiveram grandes nomes na qual eu tive a felicidade de jogar junto e ter como companheiro de ataque, que me ajudaram muito a fazer muitos gols; e claro, com certeza eu sempre tenho que falar e citar o nome desses jogadores."
7- Qual foi a sensação de marcar aquele gol contra o São Paulo na Libertadores?
"Olha, aquele gol contra o São Paulo na Libertadores foi histórico, é um dos gols mais memoráveis da minha vida, da minha carreira e acredito que do Fluminense também. Realmente, não há tempo nem história que vá apagar aquele momento maravilhoso; estávamos num momento dificílimo na Libertadores, quando precisávamos ganhar do São Paulo, e, aos quarenta e seis do segundo tempo tive a felicidade de fazer o meu segundo gol e o terceiro do Flu no jogo e conseguir a classificação. Então, esse gol, com certeza, ficará na memória de todos os torcedores do Fluminense, na minha memória também; é um dos gols mais marcantes da minha carreira."
8- Washington, em 2010 você disse que trocaria todos os seus gols por um título pelo Fluminense e veio a conquistar o Brasileiro. Mas você trocaria esse Brasileiro pela Libertadores de 2008?
"Exatamente, foi quase uma profecia que eu falei que trocaria todos meus gols pelo Fluminense, e não faria mais, se conquistasse o título. Graças a Deus fui ouvido, não fiz mais gols e realmente o título veio; eu já tinha sido artilheiro do Brasileiro mas não tinha sido campeão ainda. Então deu tudo certo. Mas, uma situação de trocar o título brasileiro pelo título da Libertadores é difícil de falar, porque título é título, independente de qual campeonato; claro que o da Libertadores nos levaria ao Mundial, mas ganhar o Campeonato Brasileiro depois de muitos anos que o Fluminense não conquistava também foi marcante. O bom era também ter ganho a Libertadores, mas o título brasileiro deve ser valorizado."
Por: Victor Carvalho e Flu VQTTV
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