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terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Truck em apuros!

Como a categoria mais rentável da América do Sul, entrou em crise? Como deixaram um império desmoronar? Fiquei me questionando nos últimos meses, sobre a derrocada da Fórmula Truck, e com o passar dos meses e informações que surgiram, consegui mesmo abalado, compreender tamanha tragédia.

Pois bem, tentarei resumir o que a categoria, que se tornou um caminhão desgovernado, e que hoje respira por aparelhos.

A Categoria que iniciou em 1993, e que querendo ou não, teve uma injeção de interesse, para o conhecimento de uma novo campeonato, e com interesse de patrocinadores como a TAM linhas aéreas, e até o próprio grupo Bandeirantes - Tendo como carro chefe, o pioneirismo de Luciano do Valle, que sempre buscou uma programação esportiva diferenciada, para a TV Aberta-, e aliado com um show que antecedia e antecede as corridas, fizera com que os autódromos lotassem. O lucro se tornou enorme. Tanto que à partir de 2007/2008, alguns ex- pilotos de Fórmula 1 e Fórmula Indy, foram atraídos para o Brasil, com aporte das fabricantes.

Exemplos:

- Alex Caffi - Ford

- Bruno Junqueira - Ford

- Christian Fittipaldi - ABF- Mercedes Benz

- Cristiano Da Matta - Iveco

- Felipe Giaffone - Volkswagen/Man

- Gastón Mazzacane - Iveco

E em meio a tamanha evolução, a categoria recebia patrocínio poupudos de peças automotivas, óleos e combustíveis como: Petrobrás, Frum, Sachs, Vipal, Borgwagner, Meritor, Firestone/Bridgestone...

Além do que, as montadoras de caminhões, se interessavam pela categoria e investiam em desenvolvimento. Ford, Iveco, Mercedes- Benz, Sinotruck, Scania, Volkswagen/Man e Volvo, faziam da categoria, um laboratório de testes satisfatório, para o desenvolvimento de seus caminhões 'de rua e estradas'. Além de aportes financeiros para as equipes, como Banco Mercedes-Benz, Banco Volkswagen e Consórcio Scania. Além de clubes que bancaram equipes, como: Corinthians Motorsport, Flamengo , Grêmio, e Santos/ABF Mercedes.

Em meados de 2011, surge o grupo Petrópolis, que topou investir na categoria, desde naming rights, até mesmo com patrocínios em caminhões.

Era uma festa dentro e fora da pista, literalmente. Shows com cantorea sertanejos, Shows pirotécnicos, caminhões realizando manobras em frente ao público, enfim, era uma festança maravilhosa. Além de alta competitividade , com caminhões de variação de peso entre quatro e seis toneladas, que se equiparavam na disputa entre pilotos. Situação era animadora. Empolgante.

Mas eis que em 2014, a crise financeira se escancarou de vez, no mundo dos caminhões. Quedas em vendas + queda nos lucros = Corte de verbas na categoria. Com isso o desenvolvimento das fabricantes sobre os caminhões foi estagnado, mas ainda havia um alívio financeiro descente, devido ao apoio da Cerveja Cristal.

Agora vem o x da questão. O ápice da crise. Para entendermos bem, precisamos voltar em meados de 2008. Aurélio Batista Félix, o fundador da categoria, falesceu. Então sua esposa/viíva Neusa Navarro Félix assumiu a categoria. E até 2014, manteve o sucesso e rentabilidade da categoria, mesmo com alguns percalços. Mas no final da temporada de 2014, surgiram problemas, tais como dívidas com a MasterTV/CATVE, dívidas com empresas de aporte menor, mas que investiam na categoria, e principalmente: 'TORROU' O DINHEIRO DE FORMA Desenfreada. Mas como gastou? E a conpetitivade Sumiu? Os patrocinadores desapareceram? De que maneira?

Tentarei em tópicos, explicar o por quê existe a derrocada na categoria.

- Gestão catastrófica.

O Aspecto de gestão, foi o principal fator para a derrocada da F-Truck. Desde que Neusa Navarro Félix assumiu, passou a gastar dinheiro para todo mundo ver. E muitas vezes investia, sem muitas explicações. Eram carros e motos dadas aos vencedores de provas e campeonatos, respectivamente. Mas nunca foi questionado se existia uma fonte segura, para manter esses prêmios. Em determinado momento, os prêmios não foram mais oferecidos, e não houve nenhuma satisfação por parte da organização da categoria ( Neusa e seus apoiadores) .

O investimento das fabricantes havia sido cortado, mas ainda existia um aporte financeiro por parte da Cerveja Cristal/ Grupo Petrópolis. Havia... mas não houve mais. Após um episódio estapafúrdio, a filha de Neusa - organizadora do evento - Danielle Félix, em um dos camarotes da categoria, próximo à um promotor da Cerveja Cristal, chamou a cerveja de Merda. Isso mesmo. Isso acabou chegando aos superiores da Cervejaria, que. cortaram o patrocínio no final de 2014. O 'Petrolão', fez a Petrobrás cortar a sua verba na categoria, e mesmo com a liberação de outras marcas de óleo nos caminhões, a bufunfa ficou escaça.

Veio 2015, e o grid começou a esvaziar. Deu para se levar a categoria, na base do 'jeitinho brasileiro', mas deu para cumprir com o calendário proposto. Mas em 2016, a bomba estourou. Dívidas astronômicas foram reveladas pelo site Grande Prêmio, (caso queiram ver maiores detalhes das dívidas, acessem www.grandepremium.com.br) e após divulgadas, revelaram um quadro desesperador na categoria. Dívidas com a geradora de imagens da categoria, a MasterTv/CATVE foram pagas com um apartamento em Balneário Camboriú. Não, você não leu errado. A dívida foi paga com uma apê. E o episódio foi solucionado, após a etapa de Goiânia não ter sido televisionada. Houve uma reprise, mas com imagens de celular, e drone. Uma lástima. A alegação que a categoria havia dado, era de que a TV Bandeirantes, mostraria a final do torneio de Roland Garros, e ocuparia o horário da transmissão da prova. O que na verdade foi uma desculpa esfarrapada. Diversas empresas, desde promoters, passando por banco, empresas de corte/costura/estampas, Federações Estaduais de Automobilismo, e até narrador e comentarista (Celso Miranda e Eduardo Homem De Mello), sofreram calote.

Neusa Navarro, seguiu com a categoria, do jeito que dava. A abertura do campeonato, em Santa Cruz do Sul/RS só ocorreu por uma liminar judicial. Graças a uma das enúmeras dívidas, que a categoria não havia pago (calote de R$40 mil à Confederação Gaúcha de Automobilismo), a justiça havia proibido a realização da etapa. Mas com uma liminar, há dois dias da realização da etapa, ela foi confirmada.

Falta de diálogo:

Neusa Navarro nunca foi uma pessoa que expôs, a realidade da categoria. Além de uma e falta de apoio e comunicação, entre a maioria dos pilotos, e a direção da categoria. Desde suporte técnico (Dinamômetro, telemetria..) e até mesmo com uma simples reunião. Segundo fora especulado, Carlos Col e Roger Penske, se interessaram em adquirir a categoria, além de interesse dos pilotos Roberval Andrade e Djalma Fogaça, juntamente com o chefe de equipe Renato Martins, em administrar a categoria. Mas Neusa nem quis conversar. Segundo Felipe Giaffone, ex-piloto da Fórmula Indy, tetracampeão da categoria, comissário da FIA, e presidente da associação de pilotos da Fórmula Truck, esse diálogo pouco existiu.

" Foi levantada e oferecida, a possibilidade de uma Copa do Mundo da Fórmula Truck. Seria um intercâmbio entre Fórmula Truck brasileira e européia. Mas após diálogos, a idéia não foi adiante." - Resumo do comentário de Felipe Giaffone, ao programa Paddock GP do site Grande Prêmio.

Desespero:

A categoria teve há cerca de duas semanas, um baque. A Confederação Brasileira de Automobilismo, comunicou que a categoria necessitava de um promotor para sua realização. O que significa isso? Estava nos classificados. Alguém poderia comprar a categoria, e realizá-la. Pouco tempo após, a F-Truck soltou um calendário com 10 etapas, tendo entre elas, provas na Argentina (Já houveram provas na cidade de Córdoba) e no Uruguai. Mas tal calendário foi divulgado, apenas para aparentar uma tranquilidade na categoria. Coisa que não existe.

No momento, não existem garantias de que o campeonato comece, e termine. Ele pode até ser realizado, mas será realizado em frangalhos, com já fora o grid. Com a maioria das etapas com 18 ou 19 caminhões, às vezes com 16. Para uma categoria que teve 26, 27 caminhões, alinhados o número é assustador. E agregado ao fator de que, os pilotos e equipes, não tem retorno financeiro, provam a melancolia que o certâme vive.

A maior prova do caos, o próprio Giaffone citou:

"Fiz a temporada 2016, com um patrocínio que não arcava com todos os custos. Pilotei para o Renato (Dono da equipe), e para toda a equipe. Eles que batalharam tanto, para ajudar. A equipe do Renato estábcom as portas fechadas. Mas se precisar reativar, eles voltarão. Mas do jeito que a situação está, eu não estarei na categoria, em 2017!" - Felipe Giaffone

Sem se reinventar, a categoria que por anos, foi a mais popular da América do Sul, e que chegou a ser homologada, como campeonato SUL AMERICANO de Fórmula Truck, entrou em um lamaçal. E por tudo isso, podemos afirmar que, a Fórmula TRUCK, está em APUROS!

Foto: Reprodução/Youtube

por: Leonardo Bueno

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