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segunda-feira, 4 de maio de 2015

VASCO CAMPEÃO. PONTO.

Quem vai falar que não foi marcante? Quem vai falar que não foi emocionante? Quem vai ousar desmerecer o nosso título? Como falar que um campeonato que leva 66 mil pessoas ao estádio tem que acabar? Não sei o que senti ontem ao ver o nosso lindo mosaico. O maraca é nosso desde 50. Não restavam dúvidas: Sul, Leste e Oeste do Maracanã eram Vasco.
A nossa torcida, como sempre, deu um show em tudo. Maravilhoso. Na tarde de reencontro com o título estadual, após 12 anos, a nossa torcida deu a todos a exata dimensão do tamanho do nosso clube, da força de nossa gente.
(Foto: Staff Images)
O jogo foi aquele teste pra cardíaco que já estamos “acostumados”. Acostumados entre aspas porque, sinceramente, eu não quero me acostumar com isso, não. Eu precisava de um jogo tranquilo, calmo, mas essas palavras não combinam com o Vasco.
O primeiro tempo foi bem parecido com o primeiro jogo da decisão, o Botafogo pressionando primeiro, depois o Vasco e eu sentia que meu coração poderia parar a qualquer minuto com as defesas do Martin Silva. Após a parada técnica, o técnico Doriva mexeu no posicionamento da equipe. Dagoberto vinha da esquerda para o meio, abrindo espaço na ponta canhota. A mudança pareceu surtir efeito e aos 23 minutos, Christiano invadiu a área e parou em Renan. Aos 26’, Dagoberto se movimentou conforme pedido e chutou de fora da área para fora. O Botafogo respondeu aos 33’, com Pimpão, que bateu forte e obrigou Martín Silva a se esticar todo para evitar o gol.
Eu não via a hora de acabar o primeiro tempo para que eu pudesse beber um simples copo d’água sem medo de perder alguma coisa, de perder um lance decisivo. O jogo se encaminhava para um empate sem gols e sem graça ao fim do primeiro tempo, mas aos 45 minutos, em falha na saída de bola alvinegra, o Vasco abriu o placar. 
Rafael Silva sai pra comemorar o gol de braços abertos.
(Foto: Gazeta Press)
Gritei alto. Marcelo Mattos perdeu a bola na entrada da área para Júlio dos Santos, que passou para o mestre Guiñazu. O volante argentino achou Rafael Silva na grande área, e em chute cruzado de primeira, balançou as redes. O maracanã explodiu, eu explodi em lágrimas e o talismã dos jogos da final saiu comemorando, sorrindo, tudo parecia mais calmo ali. O coração batia mais forte, estava na garganta, mas, agora, era de felicidade, o nervosismo tinha diminuído um pouco.
O início do segundo tempo foi menos movimentado, mas vi um Vasco sem conseguir jogar, tentando somente administrar um placar perigoso. Então, o que temia aconteceu. O Botafogo conseguiu o empate. Aquelas mesmas dúvidas do jogo passado, do ano passado e de tantas outras vezes voltaram na minha cabeça. Meu Deus, me ajuda, eu vou morrer!
O gol alvinegro, entretanto, não aumentou a pressão da equipe que ainda precisava marcar mais um para levar a partida para os pênaltis. O time estava muito aberto e acabava cedendo contra-ataques. Em um desses, Fernandes puxou Serginho e já com amarelo, acabou expulso.
Os minutos finais de jogo pareciam uma eternidade, eu já andava de um lado pro outro, rezando, chorando e pedindo pra que aquele sofrimento acabasse de uma vez. Que angústia. Mas para a festa ficar completa, faltava a chave de ouro. Aos 47 minutos, Lucas achou Gilberto, que invadiu a área pelo lado direito, bateu cruzado para deslocar Renan, marcar o segundo gol e sacramentar o título vascaíno. Nessa hora eu não sabia o que fazer, não sabia se comemorava o gol do Gilberto, se comemorava o fim do jogo, o título, o fim do jejum, tudo que consegui fazer foi cair no chão, de joelhos, e agradecer. Por tudo.
O Vasco mereceu muito esse título. Lembrei-me do Gilberto falando “a gente ganha”, lembrei também do Luan falando que nos daria essa taça. Estavam certos. A taça é nossa. Finalmente nossa. Comemorem, vascaínos. Comemorem muito. Não deixem ninguém desmerecer o nosso título, foi conquistado com muita luta e garra.

Vasco da Gama, campeão carioca 2015. (Foto: Cezar Loureiro/ Agência O Globo).
No final do jogo, ver a bandeira estendida no gramado, os jogadores em volta e o nosso presidente falando com cada um me fez ver o que é ser Vasco. Antes do Guiñazu levantar a taça, o Eurico puxou um CASACA!. Confesso que me arrepiei demais e cantei junto. Cantei alto. Ontem foi a nossa redenção, nosso retorno, a coroação de um trabalho muito bem feito do técnico Doriva. Que esse trabalho continue e que nossas alegrias possam retornar pouco a pouco. É, o respeito voltou. Ponto!

Luzia Cibele
@luziacibele

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