Quem vai falar que não
foi marcante? Quem vai falar que não foi emocionante? Quem vai ousar desmerecer
o nosso título? Como falar que um campeonato que leva 66 mil pessoas ao estádio
tem que acabar? Não sei o que senti ontem ao ver o nosso lindo mosaico. O
maraca é nosso desde 50. Não restavam dúvidas: Sul, Leste e Oeste do Maracanã
eram Vasco.
A nossa torcida, como
sempre, deu um show em tudo. Maravilhoso. Na tarde de reencontro com o título
estadual, após 12 anos, a nossa torcida deu a todos a exata dimensão do tamanho
do nosso clube, da força de nossa gente.
(Foto: Staff Images) |
O jogo foi aquele teste pra
cardíaco que já estamos “acostumados”. Acostumados entre aspas porque,
sinceramente, eu não quero me acostumar com isso, não. Eu precisava de um jogo
tranquilo, calmo, mas essas palavras não combinam com o Vasco.
O primeiro tempo foi bem parecido com o
primeiro jogo da decisão, o Botafogo pressionando primeiro, depois o Vasco e eu
sentia que meu coração poderia parar a qualquer minuto com as defesas do Martin
Silva. Após a parada técnica, o técnico Doriva
mexeu no posicionamento da equipe. Dagoberto vinha da esquerda para o meio,
abrindo espaço na ponta canhota. A mudança pareceu surtir efeito e aos 23
minutos, Christiano invadiu a área e parou em Renan. Aos 26’, Dagoberto se
movimentou conforme pedido e chutou de fora da área para fora. O Botafogo
respondeu aos 33’, com Pimpão, que bateu forte e obrigou Martín Silva a se
esticar todo para evitar o gol.
Eu não via a hora de
acabar o primeiro tempo para que eu pudesse beber um simples copo d’água sem
medo de perder alguma coisa, de perder um lance decisivo. O jogo se encaminhava
para um empate sem gols e sem graça ao fim do primeiro tempo, mas aos 45
minutos, em falha na saída de bola alvinegra, o Vasco abriu o placar.
Rafael Silva sai pra comemorar o gol de braços abertos. (Foto: Gazeta Press) |
Gritei alto. Marcelo
Mattos perdeu a bola na entrada da área para Júlio dos Santos, que passou para o
mestre Guiñazu. O volante argentino achou Rafael Silva na grande área, e em
chute cruzado de primeira, balançou as redes. O maracanã explodiu, eu explodi
em lágrimas e o talismã dos jogos da final saiu comemorando, sorrindo, tudo
parecia mais calmo ali. O coração batia mais forte, estava na garganta, mas,
agora, era de felicidade, o nervosismo tinha diminuído um pouco.
O início do segundo
tempo foi menos movimentado, mas vi um Vasco sem conseguir jogar, tentando
somente administrar um placar perigoso. Então, o que temia aconteceu. O
Botafogo conseguiu o empate. Aquelas mesmas
dúvidas do jogo passado, do ano passado e de tantas outras vezes voltaram na
minha cabeça. Meu Deus, me ajuda, eu vou morrer!
O gol alvinegro,
entretanto, não aumentou a pressão da equipe que ainda precisava marcar mais um
para levar a partida para os pênaltis. O time estava muito aberto e acabava
cedendo contra-ataques. Em um desses, Fernandes puxou Serginho e já com
amarelo, acabou expulso.
Os minutos finais de
jogo pareciam uma eternidade, eu já andava de um lado pro outro, rezando, chorando
e pedindo pra que aquele sofrimento acabasse de uma vez. Que angústia. Mas para
a festa ficar completa, faltava a chave de ouro. Aos 47 minutos, Lucas achou
Gilberto, que invadiu a área pelo lado direito, bateu cruzado para deslocar
Renan, marcar o segundo gol e sacramentar o título vascaíno. Nessa hora eu não
sabia o que fazer, não sabia se comemorava o gol do Gilberto, se comemorava o
fim do jogo, o título, o fim do jejum, tudo que consegui fazer foi cair no
chão, de joelhos, e agradecer. Por tudo.
O Vasco mereceu muito
esse título. Lembrei-me do Gilberto falando “a gente ganha”, lembrei também do
Luan falando que nos daria essa taça. Estavam certos. A taça é nossa.
Finalmente nossa. Comemorem, vascaínos. Comemorem muito. Não deixem ninguém
desmerecer o nosso título, foi conquistado com muita luta e garra.
Vasco da Gama, campeão carioca 2015. (Foto: Cezar Loureiro/ Agência O Globo). |
No final do jogo, ver a
bandeira estendida no gramado, os jogadores em volta e o nosso presidente
falando com cada um me fez ver o que é ser Vasco. Antes do Guiñazu levantar a
taça, o Eurico puxou um CASACA!. Confesso que me arrepiei demais e cantei
junto. Cantei alto. Ontem foi a nossa redenção, nosso retorno, a coroação de um
trabalho muito bem feito do técnico Doriva. Que esse trabalho continue e que
nossas alegrias possam retornar pouco a pouco. É, o respeito voltou. Ponto!
@luziacibele
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