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terça-feira, 22 de novembro de 2016

De cara pintada eu vou!

Eu sou do tempo em que fazer coisa errada, era errado. Simples assim. Parece tão óbvio, mas não é. Até quando você sai para se divertir. Ir para um estádio de futebol, ao contrário do que era na minha infância, motivo de alegria e descontração, hoje em dia é motivo de preocupação para muitas famílias. 

Ainda bem que as arenas têm dado mais espaço para as famílias novamente, um preço caro a se pagar é verdade, mas necessário, não por causa do futebol e seus problemas, mas por conta de uma sociedade que é um problema por si só. 

No caminho dos estádios, se o torcedor vai de metrô, ouve nos falantes dos trens que: para evitar roubos, deve proteger os seus objetos. Eu entendo que para evitar roubo, não tem que roubar, ou punir quem tenta. A inversão de valores é impressionante em todos os graus. O futebol só carrega e potencializa alguns problemas do país. Ele não é o mal, ele é só mais um. 

Pois bem, ontem, domingo de festa, quase quarenta mil torcedores do Palmeiras pulavam, cantavam e vibravam com o líder do campeonato brasileiro jogando no Allianz Parque. Um jogo difícil, onde o apoio do torcedor foi fundamental, principalmente quando todos souberam que o Santos, lá em Minas Gerais sofrera o gol diante do duelo contra o Cruzeiro. 

Bastava um gol do Palmeiras, mais uma vitória, e pronto a festa seria completa. Seria não, ela foi, pelo menos para quem conseguiu entrar. O gol de Dudu depois da jogada iniciada por ele mesmo, teve cruzamento do Gabriel Jesus, que está indo embora, na cabeça do baixinho mais gigante que o Palmeiras já teve, que com muita classe, de olhos abertos, seguiu à risca o que Dadá Maravilha ensinou há tempos atrás, com classe, queixo no ombro e caixa... 
Milhares se emocionaram dentro do estádio, mais os incontáveis torcedores ao redor do estádio, no Brasil e no mundo também. 

E, por falar em Dudu, por falar em torcida, e por falar também no entorno do estádio do Palmeiras, a festa só não foi melhor e maior porque mais uma vez o torcedor de bem, aquele não leva drogas para fumar dentro do estádio, nem leva bombas para jogar no campo, nem leva armas para brigar com ninguém, este mesmo, o torcedor de bem, que é maioria, sempre foi, mas sempre é o primeiro a ser prejudicado quando os demais, foi impedido de curtir o jogo na esquina mais verde do mundo. 

Depois da briga de facções organizadas no jogo entre Flamengo e Palmeiras, ainda no primeiro turno do campeonato brasileiro, que aconteceu em Brasília, o primeiro absurdo se deu e o clube visitante, no caso, o Palmeiras foi punido com maior rigor que a outra parte envolvida, enfim, isso já é assunto para outro texto, com isso quase dez mil lugares não puderam ser preenchidos porque o setor Gol Norte do estádio estava interditado, mas os “torcedores”, todos identificados, estavam liberados para acessar o lugar de quem é de bem. 

O segundo absurdo, que o torcedor comum e de bem que deveria ser preservado, acabou sendo penalizado novamente foi, meio que uma surpresa. Há três rodadas quando em casa, só quem tem ingresso na mão, ou faz parte da imprensa e vai trabalhar no estádio podem acessar a rua Palestra Itália, antiga Turiassú, e algumas próximas que dão acesso ao Allianz Parque, como a rua Diana, a Caraibas e etc. Isso mesmo, nem moradores, nem comerciantes passam por ali se não tiverem os ingressos nas mãos. 

Os policiais, o ministério público, ou, seja lá quem for, não deixam. A justificativa é de que os moradores da região, que “diga-se de passagem”, parafraseando o nosso “querido amigo”, chegaram por ali, muito tempo depois do estádio que já estava ali há muito mais tempo que o bairro, mas, novamente este pode ser assunto para outro texto, eles estão preocupados com a segurança e a ordem da região e solicitaram o fechamento das ruas, em dias de jogos para os torcedores, estes mesmos moradores que durante o início dos jogos não podem passar por ali, caso não tenham autorização, ou ingresso na mão. 

O direito de ir e vir, simplesmente não existe em dias de jogos do Palmeiras, pelo menos no entorno do Allianz Parque. Os torcedores do Palmeiras que ficaram conhecidos por montar o corredor verde, não podem mais recepcionar os jogadores quando chegarem no novo ônibus do clube, que, aliás leva a mensagem “Estamos Juntos Rumo Ao Título”. Se quiserem, como o fizeram na recepção do jogo contra o Botafogo, terão que dar um jeitinho, causar problemas no trânsito, correr perigo onde não há policiamento e empurrar o time um pouco mais longe do local que lhes é de direito. 

O que estão fazendo com o torcedor é além de tudo perigoso, ainda há o estímulo para que os eventos de aglomeração de torcedores sejam feitos longe dos olhos da polícia e das autoridades, mais problemas acontecerão nas estações de metrô, nos bairros, enfim. Parabéns aos envolvidos. 

Mas o último absurdo, este, imperdoável, é sobre a Maria Eduarda, que tem como ídolo o camisa sete Dudu. Sete inclusive é a idade da garotinha que foi ao estádio com o seu pai, feliz da vida para ver o seu time de coração campeão pela primeira vez talvez. Afinal, ela com sete aninhos ainda não sabe o que é ver o verdão campeão brasileiro, só da Copa do Brasil, que é grande também, mas convenhamos não é a mesma coisa. 


A Maria Eduarda, de sete anos apenas, deve ter falado na sua escola, para as coleguinhas, na rua onde mora, para toda a família durante toda a semana que iria com o papai ver o Palmeiras jogar, que iria ver o Dudu de pertinho. Certamente o papai estava eufórico, preocupado, mas muito feliz de passar o amor do seu coração para a sua filha, afinal, quem nunca sonhou em levar seu filho(a) no colo para assistir e torcer pelo mesmo time que o seu? 

Com certeza, este pai, com a melhor das intenções convenceu a Dudinha, de apenas sete anos, repito, a pintar o rosto e demonstrar ainda mais a sua paixão pelo Palmeiras, quem sabe aparecer no telão do estádio, quem sabe ainda aparecer na TV. 

Pois bem, a Dudinha, de apenas sete anos, para a Polícia Militar não pôde completar a sua jornada de rostinho pintado, porque, em caso de briga na torcida, ela não poderia ser reconhecida. Ora, se uma criança de apenas sete anos estiver uma briga dentro do estádio, certamente ela não seria a causadora da confusão, certamente algo de muito errado aconteceu. Afinal de contas, fazer coisa errada, simplesmente é errado. Ou deveria ser. 

É inadmissível que uma atitude como essa seja tomada. Qual será a lembrança que a Duda, de apenas sete anos de idade terá deste dia quando foi barrada de fazer um desenho no seu rosto? Qual será a percepção que essa garotinha terá da polícia a partir de agora? 

Felizmente, a jornada dela não foi finalizada por ali. O pai ainda conseguiu a levar para assistir ao jogo, mas certamente não com o mesmo entusiasmo, pelo menos até a bola rolar. 

Duda, não liga não, o legal do futebol é que ele é emocionante igual quando o seu ídolo Dudu fez aquele gol de cabeça. Duda, você viu que o Dudu mesmo baixinho se tornou um gigante e subiu mais alto que todo mundo e ainda assim conseguiu fazer o gol? 

O tamanho do Dudu lá dentro do estádio foi igual ao seu amor pelo Palmeiras, gigante. Pinte seu rosto sempre que sentir vontade, Cante, pule, vibre, seja criança sempre, a culpa da violência não é sua. Domingo, você, felizmente entrará com o Dudu no gramado, obrigado Palmeiras e diretoria por corrigir este episódio. Eu até sugiro que todos que souberam disso, vão para o estádio com a sua cara pintada também. O Palmeiras é da sua torcida, às ruas dos seus cidadãos. Parece que investigar, trabalhar e prender quem faz o errado é muito difícil, pelo jeito é mais fácil barrar a Duda, na visão dos “especialistas”, o problema é a cara pintada da garotinha. 

Ainda bem que domingo que vem eu vou para torcer, de cara e alma lavada, ou pintada se me der na telha, ninguém pode me tirar este direito. Se eu causar problemas, me punam, mas se eu não causar, me deixe ser feliz ao lado do Palmeiras. 

E na noite de ontem (21), fiquei mais alegre ainda, ao saber que a Dudinha estará no gramado, no provável jogo do título, contra a Chapecoense, graças ao apelo nas redes sociais, e da rádio Bradesco Esportes FM. 

#EstamosJuntosRumoAoTítulo, e eu, ainda bem, sou do tempo em que fazer coisa errada, era errado. Simples assim.
Equipe Palmeiras: Twitter 
por Bruno Massa

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