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sábado, 7 de janeiro de 2017

Run The Table

(Imagem: sportingnews.com)

            A temporada regular de 2015 teve como elementos, dentre outros, a ascensão de um então desconhecido e temido Carolina Panthers; a coroação de uma defesa implacável; a aposentadoria de um mestre quarterback; e o declínio do tradicional Green Bay Packers.
            Apesar da vitória nos playoffs em cima dos Redskins e o quase triunfo em cima dos Cardinals em um dos jogos mais emocionantes que já se viu, os problemas da equipe de Wisconsin estavam cada vez mais aparentes. Muito mais do que apenas a perda de seu principal recebedor, Jordy Nelson, a franquia passava por momento delicado, apesar da melhora na reta final.
            Entretanto, como dizem, ano novo, vida nova, e, assim, a combinação da previsão do calendário mais fácil da liga em 2016 com a recuperação dos jogadores importantes lesionados alavancou os Packers à posição de favorito ao Super Bowl LI, como publicado por vários especialistas da NFL. E, assim, começava a temporada de 2016/2017, revelando uma trágica combinação de eventos: não só o calendário de Green Bay acabara por ser um dos mais difíceis de toda a NFC, surpreendentemente, como o retorno de vários key players não parecia consistente. Jordy Nelson não parecia tão saudável assim; Eddie Lacy, significativamente mais atlético, não tão eficiente quanto já fora; uma linha ofensiva com problemas; e, um quarterback com dificuldades.
            Por mais incomum que possa parecer, Aaron Rodgers não enfrentava boa fase. O signal caller já não era mais o mesmo, chegando, inclusive, a ser, por certo período, o QB com menor porcentagem de passes completados na liga (!). A crise chegou ao seu ápice após a quarta derrota seguida da equipe, em jogos considerados ‘vencíveis’, ostentando o péssimo status de 4 vitórias e 6 derrotas. Mike McCarthy, Head Coach da equipe, chegou a ser duramente criticado pela não melhora do desempenho em relação à season anterior.
            E, como diria nosso querido comentarista Paulo Antunes, é aí que coisas engraçadinhas acontecem. Nesse clima de inacreditável descompasso entre o que era para ser uma temporada gloriosa e a cruel realidade, A-Rod, durante uma entrevista, no que pareceu uma nova versão do consagrado R-E-L-A-X, declarou que sentia que poderia “run the table”, virar o jogo. O discurso de Rodgers, embora otimista, parecia vazio. Os Packers se encontravam em péssima fase, enfrentando, além de todas as críticas, a crescente (e enorme) ameaça de não se classificar para os playoffs pela primeira vez desde 2008.
            O que vimos, desde então, foi uma das maiores reviravoltas de uma equipe na NFL nos últimos anos. A franquia de Green Bay crescera em todos os aspectos, e as falhas foram sendo aperfeiçoadas. A defesa, até hoje muito criticada, apresentou certa regularidade, apesar de todas as lesões. O ataque, comandado por um afiadíssimo Rodgers, retornava aos tempos de glória: Jordy Nelson, atuando no slot, terminara a temporada regular como líder de touchdowns recebidos na liga; Davante Adams e o rookie Geronimo Allison mostrando-se como armas cada vez mais eficientes no jogo aéreo; uma linha ofensiva saudável e incrivelmente protetiva; e a grata revelação de que o originalmente WR Ty Montgomery se transfomara em efetivo running back, foram fatores que fizeram com que a equipe realmente ‘virasse o jogo’ e desse a volta por cima.

(A sintonia nas jogadas entre Rodgers e Nelson impressiona. Imagem: huffingtonpost.com)

            Quando se tem Aaron Rodgers jogando como um MVP, protegido por uma linha ofensiva de gala, recebedores em sua melhor forma e um jogo terrestre perigoso, tudo é possível. Da lamentável campanha de 4/6, a franquia conquistou seis vitórias seguidas, o título da divisão NFC Norte e classificação para os playoffs com primeira partida realizada no Lambeau Field, além de um incrível momentum acumulado nestas últimas seis semanas.
            As palavras de Aaron acabaram por se realizar, e a equipe chega na pós-temporada como uma das mais temidas no cenário atual. Embalada pela sequência de vitórias e atuações cada vez mais brilhantes de seu quarterback, Green Bay se apresenta como equipe viável à ida ao Super Bowl e ameaça a franquias da NFC mais consolidadas nesta temporada, como Atlanta e Dallas. Não esqueçamos, porém, que os próximos adversários da equipe de Wisconsin, os Giants, costumam dar trabalho na pós-temporada – e quem melhor que Brady, os Patriots e os Packers para saber disso, não é?
O caminho até o título é incerto, complexo e, mais do que nunca, implacavelmente definitivo – um erro que leve a uma derrota nos playoffs significa o fim de uma ousada, porém, até agora, responsiva pretensão. Vencer é essencial, e falhas como as vistas no começo da temporada podem ser catastróficas. Domingo agora (08), na sempre gélida cidade de Green Bay, descobriremos se os Packers mantém a chama acesa e ardendo cada vez mais forte; ou se, ao contrário do que se espera pelos torcedores, ‘o jogo talvez não tenha sido tão virado assim’.

Texto por: Lucas W. Piai
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