(Imagem: sportingnews.com)
A temporada regular de 2015 teve
como elementos, dentre outros, a ascensão de um então desconhecido e temido
Carolina Panthers; a coroação de uma defesa implacável; a aposentadoria de um
mestre quarterback; e o declínio do tradicional
Green Bay Packers.
Apesar da vitória nos playoffs em cima dos Redskins e o quase
triunfo em cima dos Cardinals em um dos jogos mais emocionantes que já se viu, os
problemas da equipe de Wisconsin estavam cada vez mais aparentes. Muito mais do
que apenas a perda de seu principal recebedor, Jordy Nelson, a franquia passava
por momento delicado, apesar da melhora na reta final.
Entretanto, como dizem, ano novo, vida nova, e, assim, a
combinação da previsão do calendário mais fácil da liga em 2016 com a recuperação
dos jogadores importantes lesionados alavancou os Packers à posição de favorito
ao Super Bowl LI, como publicado por
vários especialistas da NFL. E, assim, começava a temporada de 2016/2017,
revelando uma trágica combinação de eventos: não só o calendário de Green Bay
acabara por ser um dos mais difíceis de toda a NFC, surpreendentemente, como o
retorno de vários key players não
parecia consistente. Jordy Nelson não parecia tão saudável assim; Eddie Lacy,
significativamente mais atlético, não tão eficiente quanto já fora; uma linha
ofensiva com problemas; e, um quarterback
com dificuldades.
Por mais incomum que possa parecer,
Aaron Rodgers não enfrentava boa fase. O signal
caller já não era mais o mesmo, chegando, inclusive, a ser, por certo
período, o QB com menor porcentagem de passes completados na liga (!). A crise
chegou ao seu ápice após a quarta derrota seguida da equipe, em jogos
considerados ‘vencíveis’, ostentando o péssimo status de 4 vitórias e 6 derrotas. Mike McCarthy, Head Coach da equipe, chegou a ser
duramente criticado pela não melhora do desempenho em relação à season anterior.
E, como diria nosso querido comentarista
Paulo Antunes, é aí que coisas engraçadinhas acontecem. Nesse clima de
inacreditável descompasso entre o que era para ser uma temporada gloriosa e a
cruel realidade, A-Rod, durante uma entrevista, no que pareceu uma nova versão
do consagrado R-E-L-A-X, declarou que sentia que poderia “run the table”, virar o jogo. O discurso de Rodgers, embora
otimista, parecia vazio. Os Packers se encontravam em péssima fase, enfrentando,
além de todas as críticas, a crescente (e enorme) ameaça de não se classificar
para os playoffs pela primeira vez desde
2008.
O que vimos, desde então, foi uma
das maiores reviravoltas de uma equipe na NFL nos últimos anos. A franquia de
Green Bay crescera em todos os aspectos, e as falhas foram sendo aperfeiçoadas.
A defesa, até hoje muito criticada, apresentou certa regularidade, apesar de
todas as lesões. O ataque, comandado por um afiadíssimo Rodgers, retornava aos
tempos de glória: Jordy Nelson, atuando no slot,
terminara a temporada regular como líder de touchdowns recebidos na liga; Davante Adams e o rookie Geronimo Allison mostrando-se
como armas cada vez mais eficientes no jogo aéreo; uma linha ofensiva saudável
e incrivelmente protetiva; e a grata revelação de que o originalmente WR Ty
Montgomery se transfomara em efetivo running
back, foram fatores que fizeram com que a equipe realmente ‘virasse o jogo’
e desse a volta por cima.
(A sintonia nas jogadas entre Rodgers e Nelson
impressiona. Imagem: huffingtonpost.com)
Quando
se tem Aaron Rodgers jogando como um MVP,
protegido por uma linha ofensiva de gala, recebedores em sua melhor forma e um
jogo terrestre perigoso, tudo é possível. Da lamentável campanha de 4/6, a
franquia conquistou seis vitórias seguidas, o título da divisão NFC Norte e classificação
para os playoffs com primeira partida
realizada no Lambeau Field, além de um incrível momentum acumulado nestas últimas seis semanas.
As palavras de Aaron acabaram por se
realizar, e a equipe chega na pós-temporada como uma das mais temidas no
cenário atual. Embalada pela sequência de vitórias e atuações cada vez mais
brilhantes de seu quarterback, Green
Bay se apresenta como equipe viável à ida ao Super Bowl e ameaça a franquias da NFC mais consolidadas nesta
temporada, como Atlanta e Dallas. Não esqueçamos, porém, que os próximos adversários
da equipe de Wisconsin, os Giants, costumam dar trabalho na pós-temporada – e quem
melhor que Brady, os Patriots e os Packers para saber disso, não é?
O
caminho até o título é incerto, complexo e, mais do que nunca, implacavelmente
definitivo – um erro que leve a uma derrota nos playoffs significa o fim de uma ousada, porém, até agora,
responsiva pretensão. Vencer é essencial, e falhas como as vistas no começo da
temporada podem ser catastróficas. Domingo agora (08), na sempre gélida cidade
de Green Bay, descobriremos se os Packers mantém a chama acesa e ardendo cada
vez mais forte; ou se, ao contrário do que se espera pelos torcedores, ‘o jogo
talvez não tenha sido tão virado assim’.
Texto por: Lucas W. Piai
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