Pelé e Tostão na final entre Brasil e Itália, no Estádio Azteca, na Copa do México-1970 (Lemyr Martins/VEJA)
Hoje em dia, muitos possuem celulares com câmeras e mesmo que não usem redes sociais já pelo menos ouviram falar sobre isso e é cada vez mais comum ir a qualquer ambiente que seja - fechado ou aberto - e ver as pessoas sempre teclando no celular, afinal, hoje em dia assim que "conversam" e elas disparam a postar áudios, fotos e vídeos para serem curtidos e comentados em tempo real por várias outras pessoas, algo inimaginável há muitos anos.
Esse é o cotidiano de pessoas "comuns", mas indo para pessoas famosas, especialmente no futebol, tudo isso é amplificado de tal forma, onde jogadores possuem perfis oficiais nas redes sociais comemorando a contratação por algum clube ou mesmo a convocação para a seleção, além de jogadas bonitas e títulos: dirigentes de clubes também estão nas redes sociais e comentam novos reforços, além de algumas vezes usarem gírias para mostrarem lado "torcedor" e quererem afastar aquela pose sisuda que passam, por viverem de terno e gravata, mas, nem tudo são flores...
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Aniversário de 30 anos de Cristiano Ronaldo Fonte: Globoesporte.com
Pelé dispensa apresentações no mundo esportivo, é verdade, mas poucos sabem que numa época sem redes sociais ele tinha uma popularidade absurda comparável a Neymar e Cristiano Ronaldo hoje em dia - e olha que isso era nos anos 60! -, afinal, por conta dos 2 bicampeonatos mundiais de futebol conquistados com o Brasil e com o Santos, a Coca Cola "nem fazia cócegas" no segundo lugar e que dois países africanos que estavam em guerra quiseram ver o "Rei do Futebol" jogar na África como condição para o cessar-fogo.
Cristiano Ronaldo é goleador e decisivo, todos sabem, mas também possui milhares de contratos publicitários e tudo o que ele fala e faz vira notícia - para o bem ou para o mal -, afinal, quem não lembra do aniversário de 30 anos do jogador português que horas antes, no clássico de Madrid contra o Atlético, o Real apanhou por 4x0 e o atacante deu sua festa de aniversário depois do jogo? O camisa 7 foi bombardeado por dias por causa daquilo - e a goleada do time para o maior rival ficou em segundo plano -.
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São Paulo cancela vinda Getterson após provocação de 2012 no Twitter Fonte: Estadão
Voltando ao mundo de hoje, com celulares e câmeras potentes e muitas redes sociais para não se perder nem um lance sequer, tudo é amplificado ao máximo: jogadores têm super-salários, são comprados por valores absurdos, assinam vários contratos publicitários e claro, "deitam e rolam" nas redes sociais: onde milhares de fãs ávidos por notícias acompanham não só os noticiários esportivos, mas as páginas oficiais do clube e do atleta para seguirem cada passo: são aqueles que adoram o jogador, quando faz uma jogada bonita, o gol da vitória num lance difícil, mas jogam pesado nas críticas se ele faz gol contra ou é expulso diante do maior rival - imprensa e dirigentes também "ajudam" na metralhadora giratória e nessas horas, são milhões de ofensas bombardeando por todos os lados, várias vezes e minutos por dia e aí a pergunta: quem aguenta???
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Ataíde Gil e Carlos Miguel Aidar se desentenderam nesta segunda-feira Fonte: Djalma Vassão/Gazeta Press
Neymar constantemente é bombardeado pela imprensa por sempre ser clicado em festas - os torcedores fazem as vezes de "cinegrafistas amadores" com celulares de câmeras potentes e postam nas principais redes sociais, sendo que quem não estava presente, normalmente é o primeiro a ofender e postar - que boa parte das vezes recebeu essa foto de alguém por meio de algum grupo de rede social - não checa a informação e a bagunça está feita.
Ano passado, duas situações diferentes envolvendo o São Paulo, mas parecidas envolvendo redes sociais: no começo do ano de 2016, Rodrigo Gaspar, então assessor da presidência, indignado com uma derrota do time após falha do zagueiro Rodrigo Caio, escreveu no Twitter que o zagueiro era "jogador de condomínio", mas a repercussão negativa do "desabafo" foi tão grande que Gaspar se viu obrigado a usar a mesma rede social para pedir desculpas ao zagueiro.
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No dia que chegou aos 600 gols na carreira, Cristiano Ronaldo é exaltado pelos companheiros ainda no gramado (Foto: AFP)
A outra foi a polêmica envolvendo o jogador Getterson, que anos atrás era torcedor corintiano, comemorou título mundial do rival no Twitter, provocou o São Paulo chamando de "bambi" e quando se viu contratado pelo novo clube (justamente aquele que ele ofendeu) e com apresentação definida após assinatura de contrato, "vazou" o que o então torcedor corintiano tinha publicado - e com muitas curtidas, retuítes e comentários - a contratação antes tida como certa durou apenas 4 horas, sendo o jogador demitido no mesmo dia. Confrontado sobre o conteúdo, disse que nem tinha mais aquele twitter e que até a senha tinha perdido e o que foi muito questionado na ocasião não foi a má postura de um jogador profissional mas sim a do clube que demitiu o jogador.
Em 2015, Carlos Miguel Aidar, então presidente do São Paulo, teve gestão marcada por escândalos, incluindo com o próprio vice de futebol Ataíde Gil Guerreiro, que ia sempre à imprensa questionar as declarações polêmicas do presidente e que, dado o clima conturbado do clube na época, segundo notícia divulgada na imprensa, os dois teriam se reunido num hotel, discutido e embora não haja imagens, a repercussão foi que Ataíde socou a cara de Aidar. |
Trajetória da cobrança de Raí na final do Mundial de 1992 Fonte: imortaisdofutebol.com
Raí, ídolo do São Paulo e do PSG-FRA e que também fez parte da conquista do tetra com a seleção brasileira em 1994, se aposentou em 2000, pouco antes da chegada das redes sociais, mas o importante é que independente de qual fase o jogador tenha vivido, ter cabeça boa, ter a devida orientação sobre como se comportar nesse meio - algo parecido de saber o que precisa ser falado e o que é proibido numa entrevista coletiva - afinal, o jogador um dia se aposenta, mas a imagem da pessoa é muito mais importante e pode ser prejudicada por uma declaração infeliz numa coletiva ou algo postado numa rede social.
Essas 3 fases de alguns jogadores relatadas acima, mostram ainda que em ordem atemporal, o que é (e foi) o mundo e o futebol com e sem as redes sociais, mas o problema é exatamente esse: todos ainda estão aprendendo a lidar. Afinal, do mesmo modo que jogadores, torcedores, imprensa e dirigentes possuem a rede social para elogiar dizer que adora o visual do novo uniforme, que a vitória foi épica ou a contratação foi importante, serão os mesmos sujeitos a chamar aquele que já foi elogiado há alguns dias de "jogador de condomínio" para baixo.
Seja pessoa "comum" ou famosa, muito cuidado com o que escreve na rede social, afinal, lá não é o seu diário, zilhões de pessoas estão lendo, vendo e ouvindo tudo aquilo que você posta, não saia divulgando sua vida pessoal na rede e lembre-se: se a Internet não conectar, passeie, a vida rola fora da rede social e não na frente de um teclado de celular ou de computador.
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