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quarta-feira, 15 de abril de 2020

Seleção Brasileira: por que não mudar?

O mundo tem sofrido com a pandemia da Covid-19. Pessoas de todas as idades têm morrido ao contrair o vírus, popularmente conhecido como Coronavírus, e como medida de proteção a grande maioria dos países estão restringindo a vida em sociedade ao máximo, buscando evitar que a situação se torne ainda pior. Quase tudo parou e não seria diferente com o futebol, com exceção de algumas pequenas ligas na Europa e Ásia, que ainda se encontram em atividade, infelizmente para os envolvidos.  

Diante do cenário atual, o Grupo Globo encontrou uma solução, eficaz até aqui, para que a audiência perdida pela ausência de partidas dos campeonatos disputados no Brasil seja recuperada ou, no mínimo, que sua perda seja amenizada: passar VTs de jogos vitoriosos da seleção brasileira. Acompanhando essas partidas do passado a nostalgia nos traz à tona questionamentos pertinentes a respeito do que houve com a seleção brasileira, antes vitoriosa e que, agora, além de fracassar frequentemente, não enche os olhos e nem mesmo tem a simpatia do torcedor. 

Cafú levanta a Taça do pentacampeoanto em 2002. Reprodução: O Povo Online.


Há praticamente 18 anos a seleção brasileira conquistava sua última Copa do Mundo. De lá pra cá o Brasil coleciona fracassos no torneio, sempre caindo diante de seleções europeias. Coincidência? A resposta é óbvia: não. As quedas para França, Holanda, Alemanha e Bélgica, respectivamente, tem suas justificativas. Em 2006, o oba-oba e a falta de foco da seleção custaram a eliminação para os franceses. Em 2010, um time com poucas estrelas, com a cara aguerrida e futebol pragmático de seu treinador (Dunga), sucumbiu diante da Holanda. Em 2014, novamente oba-oba seguido de uma “Neymar dependência” levou a seleção a fazer uma copa ruim, tendo dificuldades em um grupo fraco e também nas oitavas (classificação nos pênaltis) e quartas, até sofrer a humilhante derrota por 1x7 para os alemães. Por fim, em 2018, a seleção brasileira, depois de uma excelente campanha nas eliminatórias, foi empurrando com a barriga e passando “no quase” até que teve no seu caminho a ótima geração belga. Derrota por 2x1 e novamente o sonho do hexa adiado. 

Eliminações da seleção brasileira. Reprodução: foto 1: Yahoo Esportes/ foto 2: FIFA.com/ foto 3: ESPN/ foto 4: Jornal Hoje Em Dia.


A verdade é que o tempo passou e o esporte em quase todo o mundo mudou. O futebol passou por um processo de transição de uma época em que, camisa ganhava jogo e a qualidade técnica se sobrepunha a organização. Não que nos dias atuais esses cenários estejam completamente ausentes, mas, hoje, não são preponderantes. Acontece que, como foi citado acima, nem todo o mundo acompanhou essa mudança. 

No futebol brasileiro (leia-se CBF, treinadores, jogadores e até ex-jogadores influentes) a soberba e a prepotência prevaleceram. O discurso quase sempre adotado de que "o futebol brasileiro é o melhor do mundo" passou a não fazer mais sentido. Chega a ser inacreditável que, após tantos vexames em Copas do Mundo e até em Copas América (para adversários de nível técnico extremamente inferior, como o Paraguai), os responsáveis não tenham a humildade de reconhecer que é preciso olhar pra frente e acompanhar o resto do mundo. 

Com a recente ótima passagem de Jorge Sampaoli no Santos e a temporada magnífica de Jorge Jesus no Flamengo, a esperança de dias melhores aos jogos daqui aumentaram. O argentino fez com que o Santos, sem um elenco de peso, terminasse o campeonato na 2° colocação, jogando um dos melhores e mais vistosos futebóis do país. O português, por sua vez, em pouco tempo de Flamengo implantou um estilo europeu ao time, com muita intensidade e sede pela vitória. Venceu as principais competições da América, Libertadores e Campeonato Brasileiro, sendo esse último com a quebra de vários recordes e com uma diferença abissal de 16 pontos para o segundo colocado. Essa mudança de paradigma trazida pelos "Jorges" já da sinais, de fato, de que o velho estilo pragmático de se jogar não será mais aceito pelos torcedores dos grandes clubes e força os treinadores brasileiros a se atualizarem, trazendo consequentes melhoras ao futebol praticado no país. 

Jorge Sampaoli e Jorge Jesus. Reprodução: El País.

A partir daí, voltando a seleção brasileira, assunto principal aqui, podemos fazer a seguinte reflexão: por que não um treinador estrangeiro com novas ideias, de uma escola diferente da dos nossos treinadores? Não é vergonha. É uma situação comum em várias seleções. É possível que seja uma solução a curto/médio prazo junto a renovação dos atletas. Temos a melhor matéria-prima individualmente falando que, se somada a um bom coletivo, vai render títulos e trazer de volta a frase "o futebol brasileiro é o melhor do mundo". Que não nos enganemos com a recente conquista da Copa América, pois com exceção da copa realizada na Rússia, nas três edições anteriores a seleção brasileira chegava como campeã da Copa América ou da Copa das Confederações.






Por: Lucas Bazílio Nascimento.
Facebook: Lucas Bazílio / Instagram: @_lucasbazilio
#FiqueEmCasa

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