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sábado, 21 de março de 2015

Até onde poderão chegar os “novos ricos”?

Diferentemente no Brasil, os clubes de futebol na Europa podem possuir proprietários – sejam eles diversos acionistas ou simplesmente um dono. Há poucos anos, alguns clubes foram adquiridos por grandes magnatas. Entretanto, dois deles se destacaram e vêm causando um rebuliço desde então (principalmente no que diz respeito ao mercado de jogadores): Manchester City e Paris Saint-Germain.
(Foto: Manchestercity.com.br)
O primeiro entre os dois foi o Manchester City. O time azul da cidade de Manchester possui tradição, mas passou por um longo período de dificuldade entre a década de 80 e início dos anos 2000 – chegando a ser rebaixado para a terceira divisão. Após o começo de um processo de reestruturação, o clube foi comprado pela primeira vez em 2006, por Thaksin Shinawatra, ex Primeiro Ministro da Tailândia. Após apenas uma temporada, o proprietário decidiu revender o clube para o Abu Dhabi United Group, que possuía o investidor Sulaiman Al-Fahim à frente. O grupo se interessou por Ronaldinho Gaúcho, Fábregas, Ronaldo Fenômeno e Cristiano Ronaldo - apesar de não ter apresentado proposta para nenhum destes. Após as quatro especulações, finalmente o clube conseguiu uma contratação de impacto com a aquisição de Robinho, então jogador do Real Madrid. Após uma temporada decepcionante, o City é novamente vendido, desta vez para o xeque Mansour Bin Zayed – que continua com a posse do clube até hoje. Foi aí que o processo de reconstrução ganhou força, o clube teve investimentos altíssimos e, aos poucos, foram chegando jogadores como Sérgio Agüero, David Silva e Yaya Touré, que ajudaram os “Sky Blues” a retomar o posto de grande do futebol inglês.

Criado em 1970, após uma parceria entre amantes de futebol de Paris e o time amador Saint-Germain-en-Laye (que disputava a segunda divisão francesa), o Paris Saint-Germain ascendeu rapidamente no cenário francês, chegando à primeira divisão na temporada seguinte. Após vários desentendimentos, os parisienses decidiram se separar do Saint-Germain, que foi relegado à terceira divisão. Nesse momento, o clube decidiu se profissionalizar, se tornou oficialmente o PSG e, novamente, cresceu de forma rápida no futebol francês. Mais recente, seu processo de enriquecimento foi bem mais simples que o do Manchester City. Em 2011, o clube da capital francesa foi comprado pelo grupo Qatar Investment Authority e seu presidente desde então é Nasser Al-Khelaifi. Os asiáticos investiram pesado contratando jogadores como Thiago Motta, Maxwell, Ibrahimovic e Thiago Silva para formar a potência que o PSG é hoje no cenário nacional.
(Foto: Site oficial do PSG)
Desde que esses clubes se tornaram potências nacionais há a expectativa que sua força rompa as fronteiras de seus países e tome a Europa – principalmente dos investidores que injetam altíssimas quantias. Entretanto, os brutos investimentos e os fortes elencos ainda não foram o bastante para que os clubes conquistassem a UEFA Champions League (sequer a Europa League) – o Manchester City, inclusive, já foi eliminado na fase de grupos em duas ocasiões. As sucessivas eliminações na principal competição de clubes do mundo já geram questionamentos sobre o retorno que a alta injeção de dinheiro dará, algo que julgo ser prematuro.

O futebol não é uma ciência exata. Dinheiro em caixa e estrelas em campo não garantem títulos – facilitam, mas não garantem. Além disso, é necessário ter jogadores com experiência na competição, um pouco de sorte e, acima de tudo, ser um clube acostumado a chegar a grandes momentos. Tanto City quanto PSG carecem principalmente dessa experiência em momentos decisivos fora dos certames nacionais. Isso só se adquire com o tempo. Nos últimos anos vimos o clube francês ser mais constante que o inglês e isso está diretamente ligado aos jogadores que compõem seu elenco – Ibra, Thiago Silva, e Thiago Motta possuem mais experiência europeia que Agüero, David Silva e Nasri, para ficar em poucos exemplos. Não podemos desprezar a importância dessa experiência.

O clube “espelho” para City e PSG é o Chelsea, que provavelmente é o clube de mais sucesso após ser adquirido por um magnata. Em 2003, o clube londrino foi comprado pelo russo Roman Abramovic e, assim como os outros dois citados, não demorou a se fazer potência no cenário nacional. Contudo, apenas em 2012 (nove anos após a sua aquisição) veio a tão sonhada conquista da UEFA Champions League após diversas quedas em fases anteriores. Se o Chelsea demorou praticamente uma década para chegar o topo da Europa, porque acreditar que Manchester e PSG o farão em metade desse tempo? Claro que não podemos descartar a possibilidade, o futebol é imprevisível. Mas um investimento e planejamento desse tamanho não podem olhar apenas uma, duas ou três temporadas à frente. Há de se realizar um trabalho de longo prazo, visando arrumar a casa, equalizar e dar experiência ao elenco para que, dentro de alguns anos, esses clubes se estabilizem como grandes potências e não sejam apenas mais uma estrela cadente, que brilha momentaneamente e some logo após, sem previsão de volta.

Não descartemos esses times, eles têm tudo para fazer muitas coisas grandes ainda.

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