Diferentemente no Brasil, os
clubes de futebol na Europa podem possuir proprietários – sejam eles diversos acionistas
ou simplesmente um dono. Há poucos anos, alguns clubes foram adquiridos por
grandes magnatas. Entretanto, dois deles se destacaram e vêm causando um
rebuliço desde então (principalmente no que diz respeito ao mercado de
jogadores): Manchester City e Paris Saint-Germain.
(Foto: Manchestercity.com.br) |
O primeiro entre os dois foi o
Manchester City. O time azul da cidade de Manchester possui tradição, mas passou
por um longo período de dificuldade entre a década de 80 e início dos anos 2000
– chegando a ser rebaixado para a terceira divisão. Após o começo de um
processo de reestruturação, o clube foi comprado pela primeira vez em 2006, por
Thaksin Shinawatra, ex Primeiro Ministro da Tailândia. Após apenas uma temporada,
o proprietário decidiu revender o clube para o Abu Dhabi United Group, que possuía o investidor Sulaiman Al-Fahim à frente. O grupo se interessou por Ronaldinho Gaúcho, Fábregas, Ronaldo Fenômeno
e Cristiano Ronaldo - apesar de não ter apresentado proposta para nenhum destes. Após as quatro especulações, finalmente o clube conseguiu uma contratação de impacto com a aquisição de Robinho, então
jogador do Real Madrid. Após uma temporada decepcionante, o City é novamente
vendido, desta vez para o xeque Mansour Bin Zayed – que continua com a posse do
clube até hoje. Foi aí que o processo de reconstrução ganhou força, o clube
teve investimentos altíssimos e, aos poucos, foram chegando jogadores como
Sérgio Agüero, David Silva e Yaya Touré, que ajudaram os “Sky Blues” a retomar
o posto de grande do futebol inglês.
Criado em 1970, após uma parceria
entre amantes de futebol de Paris e o time amador Saint-Germain-en-Laye (que
disputava a segunda divisão francesa), o Paris Saint-Germain ascendeu
rapidamente no cenário francês, chegando à primeira divisão na temporada
seguinte. Após vários desentendimentos, os parisienses decidiram se separar do
Saint-Germain, que foi relegado à terceira divisão. Nesse momento, o clube decidiu
se profissionalizar, se tornou oficialmente o PSG e, novamente, cresceu de
forma rápida no futebol francês. Mais recente, seu processo de enriquecimento
foi bem mais simples que o do Manchester City. Em 2011, o clube da capital
francesa foi comprado pelo grupo Qatar Investment Authority e seu presidente
desde então é Nasser Al-Khelaifi. Os asiáticos investiram pesado contratando
jogadores como Thiago Motta, Maxwell, Ibrahimovic e Thiago Silva para formar a
potência que o PSG é hoje no cenário nacional.
(Foto: Site oficial do PSG) |
Desde que esses clubes se
tornaram potências nacionais há a expectativa que sua força rompa as fronteiras
de seus países e tome a Europa – principalmente dos investidores que injetam
altíssimas quantias. Entretanto, os brutos investimentos e os fortes elencos
ainda não foram o bastante para que os clubes conquistassem a UEFA Champions
League (sequer a Europa League) – o Manchester City, inclusive, já foi
eliminado na fase de grupos em duas ocasiões. As sucessivas eliminações na
principal competição de clubes do mundo já geram questionamentos sobre o
retorno que a alta injeção de dinheiro dará, algo que julgo ser prematuro.
O futebol não é uma ciência
exata. Dinheiro em caixa e estrelas em campo não garantem títulos – facilitam,
mas não garantem. Além disso, é necessário ter jogadores com experiência na
competição, um pouco de sorte e, acima de tudo, ser um clube acostumado a
chegar a grandes momentos. Tanto City quanto PSG carecem principalmente dessa
experiência em momentos decisivos fora dos certames nacionais. Isso só se
adquire com o tempo. Nos últimos anos vimos o clube francês ser mais constante
que o inglês e isso está diretamente ligado aos jogadores que compõem seu
elenco – Ibra, Thiago Silva, e Thiago Motta possuem mais experiência europeia
que Agüero, David Silva e Nasri, para ficar em poucos exemplos. Não podemos
desprezar a importância dessa experiência.
O clube “espelho” para City e PSG
é o Chelsea, que provavelmente é o clube de mais sucesso após ser adquirido por
um magnata. Em 2003, o clube londrino foi comprado pelo russo Roman Abramovic
e, assim como os outros dois citados, não demorou a se fazer potência no cenário
nacional. Contudo, apenas em 2012 (nove anos após a sua aquisição) veio a tão
sonhada conquista da UEFA Champions League após diversas quedas em fases
anteriores. Se o Chelsea demorou praticamente uma década para chegar o topo da
Europa, porque acreditar que Manchester e PSG o farão em metade desse tempo?
Claro que não podemos descartar a possibilidade, o futebol é imprevisível. Mas
um investimento e planejamento desse tamanho não podem olhar apenas uma, duas
ou três temporadas à frente. Há de se realizar um trabalho de longo prazo,
visando arrumar a casa, equalizar e dar experiência ao elenco para que, dentro
de alguns anos, esses clubes se estabilizem como grandes potências e não sejam
apenas mais uma estrela cadente, que brilha momentaneamente e some logo após,
sem previsão de volta.
Não descartemos esses times, eles têm tudo para fazer muitas coisas grandes ainda.
Sigam no Twitter: @marcosgil_07
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