Timidamente, a chuva começa a cair. A tarde preguiçosa, em outros tempos, seria o convite a um bom cochilo na rede, debaixo da laranjeira; mas, domingo tem jogo do Galo. Mais que isso, será uma final antecipada contra o seu maior rival no estado: quem vencer, certamente, será o campeão. Seria tolice afirmar que dorme bem, que não pensa no jogo, que está tudo bem. João anda nervoso, desde quarta-feira, quando as atenções passaram da Libertadores para o Mineiro.
Em casa, a mulher já nem toca no assunto, o melhor é deixá-lo longe das notícias atleticanas. Mas, não tem jeito, as notícias chegam e as dúvidas perduram em seu peito. Às vezes sente até uma dor do lado esquerdo, e tem medo de que não chegue ao dia do jogo, não assista a mais uma vitória do Alvinegro. Quase não come; no trabalho, reclamam do seu rendimento; pensa em tirar uma licença, descansar um pouco. Besteira, a ociosidade apenas aumentaria a sua ansiedade. Morreria mais rápido.
De noite, João sonha com o jogo: Levir à beira do campo, gesticulando; Emerson Conceição sentado no banco de reservas, doido para entrar. Pratto, ainda parecendo gordo e lento, corre de um lado a outro, relembrando os velhos tempos de Tardelli; Luan e Thiago Ribeiro infernizam a defesa adversária - Carlos perdera a posição depois de tantos gols perdidos contra o Atlas, no México - ; na lateral direita, Marcos Rocha mais parece um foguete, passando rapidamente pelo rival, cruzando para as cabeçadas certeiras de Jemerson e Edcarlos.
Quando acorda, retornam as dúvidas de João: Jogará o Rocha? Cárdenas ganhará a vaga de Dátolo? Carlos continua ou dá lugar ao Ribeiro? Será o time titular ou a Libertadores será prioridade?... Melhor não pensar nisso. Que o Levir resolva a situação, e não seja burro como no jogo de quarta; que os atletas levem o Galo a mais uma vitória, para, depois, contra o Colo Colo mostrar que ainda vale acreditar. Senão, João não vai aguentar a dor que já lhe fere o coração.
Em casa, a mulher já nem toca no assunto, o melhor é deixá-lo longe das notícias atleticanas. Mas, não tem jeito, as notícias chegam e as dúvidas perduram em seu peito. Às vezes sente até uma dor do lado esquerdo, e tem medo de que não chegue ao dia do jogo, não assista a mais uma vitória do Alvinegro. Quase não come; no trabalho, reclamam do seu rendimento; pensa em tirar uma licença, descansar um pouco. Besteira, a ociosidade apenas aumentaria a sua ansiedade. Morreria mais rápido.
Quando acorda, retornam as dúvidas de João: Jogará o Rocha? Cárdenas ganhará a vaga de Dátolo? Carlos continua ou dá lugar ao Ribeiro? Será o time titular ou a Libertadores será prioridade?... Melhor não pensar nisso. Que o Levir resolva a situação, e não seja burro como no jogo de quarta; que os atletas levem o Galo a mais uma vitória, para, depois, contra o Colo Colo mostrar que ainda vale acreditar. Senão, João não vai aguentar a dor que já lhe fere o coração.
Elismar Santos
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