E a bola rolou novamente na Vila famosa
O grande verde era palco da competição que ele mais gostava
A libertadora sensação de ter os olhos da América no time de branco
Ah, como é lindo ver outro menino negro vestido de branco
Menino liso, magrelo e ousado
Fez do goleiro expulso um assassino-açogueiro-covarde
Deus me livre e guarde
Que agonia asfixiante esse embate
É novamente um Brasil e Argentina, meu amigo
Até as gotas de suor demoram mais a pingar em casos assim
Elas sabem.
Elas sentem o clima diferente
Elas sentem o clima diferente
Elas querem aproveitar o máximo possível
Jogo duro no aquário, como é chamado pelos rivais
Que quando afrontado pega fogo por baixo
Vira caldeirão.
Te cozinha, te afoga, te mata.
Virou sopa de tubarão.
O pulmão entrou em campo respirando como nunca
Mesmo com idade de ancião, jogou como o menino negro
Liso, careca e ousado
Liso, careca e ousado
Senhor abusado.
Em passe para o gol do sábio espírita,
Pulmão se fez pela primeira vez na noite.
Pulmão se fez pela primeira vez na noite.
Tudo acabou bem por hora
Hora da loteria.
Loteria pra quem? Loteria aonde?
O menino goleiro se agigantou
O menino goleiro se agigantou
O caldeirão ferveu e respingou seu caldo, gol após gol.
Defesa após defesa.
Partiu Léo para a bola, correu, bateu…
O caldeirão ferveu e respirou
Gritou.
O caldeirão ferveu e respirou
Gritou.
Como o grito de choro que traz oxigênio ao nascer.
Todos nós choramos e respiramos naquela noite.
Estávamos vivos.
Acompanhe a série "Santos 103":
Santos 103: Santos 5x2 Fluminense Estávamos vivos.
Santos 103: Brasileirão de 2002: um título carregado de história e emoção
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