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terça-feira, 4 de agosto de 2015

9 razões para a 14ª colocação

Valdir Barbosa, Gilvan Tavares e Benecy Queiróz comandaram o futebol profissional neste inicio de 2015, de maneira trágica.
Em 2013/ 2014 fomos mimados por uma super equipe no futebol brasileiro. O Cruzeiro, que veio de temporadas difíceis, passou por uma reformulação e surpreendeu a todos no cenário nacional. Com um bom trabalho de diretores, comissão técnica e jogadores fomos agraciados com um bicampeonato brasileiro, dois títulos inquestionáveis. Estávamos bem à frente dos nossos adversários. A Raposa demonstrava que tentaria manter o diferenciado planejamento que construiu nestes vitoriosos anos. Mas, surpreendendo de novo, agora negativamente, o bom planejamento não continuou em 2015. Assim, muitos fatores foram surgindo para que, de líder quase absoluto, por dois anos, no Campeonato Brasileiro, passamos a variar entre a 12ª -14ª colocação.

1.   Saída de Alexandre Mattos- O “Mittos”, como era carinhosamente chamado pela torcida, veio do América-MG, chegou tímido e elevou uma classe. Mostrou com suas contratações certeiras o quão importante é o trabalho de um diretor de futebol. Com seu poder de persuasão, Mattos, com o apoio do presidente, trouxe jogadores que não tiveram boas passagens nos últimos clubes e alguns ainda desconhecidos da maioria. Os convenceu, com um planejamento ousado, deu certo por duas vezes. Um diretor que é audacioso, habilidoso para relações interpessoais, persuasivo, com conhecimento de mercado e de futebol, não poderia sair dos planos do clube. Não adiantou a torcida pedir por ele. Os planos do Cruzeiro mostraram-se menores que os do Palmeiras, primeira grande perda.  

2.    Falta do patrocinador máster- Óbvio que a camisa fica mais bonita sem um, mas, financeiramente falando, a venda das camisas é só uma pequena porcentagem perto da rentável relação com um grande patrocinador. Depois de um bicampeonato tão grandioso, este não era pra ser nem de longe um problema para o clube. Talvez, seja resultado do amadorismo que a diretoria vem demonstrando, somada à crise econômica que o país vem enfrentando. No entanto, nada justifica que depois de dois anos em total evidência, em agosto ainda não tenhamos um grande patrocinador. Inaceitável!

3.    Falta de reforços- As saídas de Marcelo Moreno, Ricardo Goulart, Egídio, Lucas Silva, Everton Ribeiro não foi tão surpreendente assim. Se é difícil manter jogadores de auto-nível por duas temporadas seguidas em um mesmo clube, imagina por três... O que surpreendeu foi a falta de bons reforços ou a não vinda de reforços para as posições mais carentes. Por exemplo, chegamos a ter 13 atacantes no elenco, e apenas um meia-armador. Sem um patrocinador máster, seria inteligente manter um bom diretor de futebol. Ele teria mais chances de fazer contratações pontuais, como já fez em outra oportunidade.  De novo, faltou planejamento.

4.    Queda de produção- Mayke, Henrique, William tiveram uma considerável queda de produção. Qualidade eles demonstraram nos anos anteriores, mas por que não estão jogando nem a metade do que podem? Falta de motivação? Bom, quando não há motivação para manter-se na titularidade ajudando seu clube, isto já beira a falta de profissionalismo. O que pode explicar a falta de empenho pode ser a titularidade quase garantida. Olham para o banco de reservas e o nível não assusta, acomodaram-se sem reais ameaças.

5.  DM- Não é de hoje que o departamento médico do Cruzeiro é questionado. A superlotação no início da temporada agregou falta de opção à equipe. O que mais chama a atenção são as repetitivas lesões dos mesmos jogadores. Recuperam de maneira errada os atletas? Os mesmos não se cuidam como deveria? Médico, fisiologistas, fisioterapeutas e preparadores físicos não se entendem? Típicas perguntas das quais os torcedores não tem respostas. Fica a incógnita.

6.   Fim da era Marcelo Oliveira- Uma decisão contestada por toda mídia nacional, até então, Marcelo vem sendo eleito um dos melhores treinadores do país. Talvez, o técnico tenha pagado pela sua teimosia em relação ao esquema tático e a manutenção de alguns jogadores na titularidade. Mas, depois da saída de Mattos, não havia mais relação entre diretoria e comissão técnica, isso ficou claro quando os reforços pedidos deram lugar aos jogadores que o técnico não queria. Somando-se a falta de reforços, a queda de qualidade técnica dos que ficaram e o excessivo número de jogadores no Departamento Médico, nenhuma comissão técnica poderia render muito. Faltaram opções. O ex- treinador tem sua parcela de culpa? Sim, talvez, a menor parcela.  Até porque, nada melhorou com a sua saída. Hoje, faz um bom trabalho junto ao Mattos, no Palmeiras. 

7.    O novo treinador- Vanderlei Luxemburgo chegou poucas horas depois da demissão do ex-treinador. Conseguiu três vitórias consecutivas e depois viu seu time em queda livre contra seus adversários. De 48 pontos, conquistamos 18. Ocupamos a 14ª colocado e no dia-a-dia, vemos jogadores com três dias de folga durante a semana. Variações táticas demonstram tentativas de mudanças, buscando evolução, mas sem treinamentos não funcionam. Enquanto isto, para animar o grupo, um churrasco no capricho.  Se Marcelo se engessava no esquema tático, Luxemburgo se engessa na sua arrogância e na falta de reformulação.  Foi um retrocesso a vinda de Vanderlei Luxemburgo, um técnico medalhão que prefere polemizar ao invés de assumir os próprios erros e buscar melhorá-los. Lamentável!

8.  A chegada de Tinoco- É injusto responsabilizar Isaías Tinoco pelo momento do Cruzeiro, ele acabou de chegar. Mas é possível questionar a escolha de um diretor ultrapassado no mercado. Na base, temos o Bruno Vicintin que faz um ótimo trabalho nas negociações. Por que não dar chance para o novo? Não deram uma vez e não deu certo? Afinal, Alexandre Mattos não era conhecido por todos como é hoje. Com tantas apostas, esta seria a mais coerente. A diretoria mais uma vez foi contra o planejamento bicampeão, retrocederam novamente.

9.    Omissão do presidente- O presidente que culpa a todos mas não assume os próprios erros. Quando o diretor de futebol deixou o clube, o Sr. Gilvan declarou em tom de arrogância, que não precisava de nenhum outro para o setor, ele faria a função. Não conseguiu! Colocou as negociações nas mãos de Valdir Barbosa, gerente de futebol e Benecy Queiroz, supervisor de futebol. A partir daí, não sabíamos mais quem falava pelo clube, Gilvan era desmentido por Valdir, que era desmentido por Benecy. A hierarquia já não funcionava mais. O presidente diminuiu drasticamente o número de entrevistas, quando falava, fugia das perguntas sobre os erros de planejamento e insistia no discurso de que tudo está bem. Fez a torcida de trouxa com tanto amadorismo. Não parece cobrar seus companheiros de direção, não cobra os jogadores e apoia as decisões da comissão técnica. Isso tudo sem se preocupar em dar explicações para aqueles que sustentam um clube de futebol, os torcedores. 

O torcedor vem sendo castigado pela arrogância do presidente e seus subordinados. Seria possível citar estas nove situações e o time estar em melhor situação no campeonato. No entanto, elas são acompanhadas da não aceitação da realidade. Dirigentes, comissão técnica e jogadores ainda não assumem os próprios erros, estão presos ao Bicampeonato Brasileiro. É preciso que entendam a nova situação, reconheçam as falhas para então, buscar soluções para evoluir dentro da competição e voltar a brigar por títulos, independente do campeonato que estiver.

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