Valdir Barbosa, Gilvan Tavares e Benecy Queiróz comandaram o futebol profissional neste inicio de 2015, de maneira trágica. |
1. Saída
de Alexandre Mattos- O “Mittos”, como era carinhosamente chamado pela torcida,
veio do América-MG, chegou tímido e elevou uma classe. Mostrou com suas
contratações certeiras o quão importante é o trabalho de um diretor de
futebol. Com seu poder de persuasão, Mattos, com o apoio do presidente, trouxe
jogadores que não tiveram boas passagens nos últimos clubes e alguns ainda
desconhecidos da maioria. Os convenceu, com um planejamento ousado, deu certo
por duas vezes. Um diretor que é audacioso, habilidoso para relações
interpessoais, persuasivo, com conhecimento de mercado e de futebol, não
poderia sair dos planos do clube. Não adiantou a torcida pedir por ele. Os
planos do Cruzeiro mostraram-se menores que os do Palmeiras, primeira grande
perda.
2. Falta
do patrocinador máster- Óbvio que a camisa fica mais bonita sem um, mas,
financeiramente falando, a venda das camisas é só uma pequena porcentagem perto
da rentável relação com um grande patrocinador. Depois de um bicampeonato tão grandioso,
este não era pra ser nem de longe um problema para o clube. Talvez, seja
resultado do amadorismo que a diretoria vem demonstrando, somada à crise
econômica que o país vem enfrentando. No entanto, nada justifica que depois de
dois anos em total evidência, em agosto ainda não tenhamos um grande
patrocinador. Inaceitável!
3. Falta
de reforços- As saídas de Marcelo Moreno, Ricardo Goulart, Egídio, Lucas Silva,
Everton Ribeiro não foi tão surpreendente assim. Se é difícil manter jogadores
de auto-nível por duas temporadas seguidas em um mesmo clube, imagina por
três... O que surpreendeu foi a falta de bons reforços ou a não vinda de
reforços para as posições mais carentes. Por exemplo, chegamos a ter 13
atacantes no elenco, e apenas um meia-armador. Sem um patrocinador máster,
seria inteligente manter um bom diretor de futebol. Ele teria mais chances de
fazer contratações pontuais, como já fez em outra oportunidade. De novo, faltou planejamento.
4. Queda
de produção- Mayke, Henrique, William tiveram uma considerável queda de
produção. Qualidade eles demonstraram nos anos anteriores, mas por que não estão
jogando nem a metade do que podem? Falta de motivação? Bom, quando não há
motivação para manter-se na titularidade ajudando seu clube, isto já beira a falta
de profissionalismo. O que pode explicar a falta de empenho pode ser a
titularidade quase garantida. Olham para o banco de reservas e o nível não assusta,
acomodaram-se sem reais ameaças.
5. DM-
Não é de hoje que o departamento médico do Cruzeiro é questionado. A superlotação no início da temporada agregou falta de opção à equipe. O que mais
chama a atenção são as repetitivas lesões dos mesmos jogadores. Recuperam de
maneira errada os atletas? Os mesmos não se cuidam como deveria? Médico,
fisiologistas, fisioterapeutas e preparadores físicos não se entendem? Típicas
perguntas das quais os torcedores não tem respostas. Fica a incógnita.
6. Fim
da era Marcelo Oliveira- Uma decisão contestada por toda mídia nacional, até
então, Marcelo vem sendo eleito um dos melhores treinadores do país. Talvez, o
técnico tenha pagado pela sua teimosia em relação ao esquema tático e a
manutenção de alguns jogadores na titularidade. Mas, depois da saída de Mattos, não havia mais relação entre diretoria e comissão técnica, isso ficou claro
quando os reforços pedidos deram lugar aos jogadores que o técnico não queria. Somando-se a falta de reforços, a queda de
qualidade técnica dos que ficaram e o excessivo número de jogadores no
Departamento Médico, nenhuma comissão técnica poderia render muito. Faltaram
opções. O ex- treinador tem sua parcela de culpa? Sim, talvez, a menor parcela.
Até porque, nada melhorou com a sua
saída. Hoje, faz um bom trabalho junto ao Mattos, no Palmeiras.
7. O
novo treinador- Vanderlei Luxemburgo chegou poucas horas depois da demissão do
ex-treinador. Conseguiu três vitórias
consecutivas e depois viu seu time em queda livre contra seus adversários. De
48 pontos, conquistamos 18. Ocupamos a 14ª colocado e no dia-a-dia, vemos
jogadores com três dias de folga durante a semana. Variações táticas demonstram
tentativas de mudanças, buscando evolução, mas sem treinamentos não funcionam. Enquanto isto, para animar o grupo, um
churrasco no capricho. Se Marcelo se
engessava no esquema tático, Luxemburgo se engessa na sua arrogância e na falta
de reformulação. Foi um retrocesso a
vinda de Vanderlei Luxemburgo, um técnico medalhão que prefere polemizar ao
invés de assumir os próprios erros e buscar melhorá-los. Lamentável!
8. A
chegada de Tinoco- É injusto responsabilizar Isaías Tinoco pelo momento do
Cruzeiro, ele acabou de chegar. Mas é possível questionar a escolha de um
diretor ultrapassado no mercado. Na base, temos o Bruno Vicintin que faz um
ótimo trabalho nas negociações. Por que não dar chance para o novo? Não deram
uma vez e não deu certo? Afinal, Alexandre Mattos não era conhecido por todos
como é hoje. Com tantas apostas, esta seria a mais coerente. A diretoria mais uma
vez foi contra o planejamento bicampeão, retrocederam novamente.
9. Omissão
do presidente- O presidente que culpa a todos mas não assume os próprios erros.
Quando o diretor de futebol deixou o clube, o Sr. Gilvan declarou em tom de
arrogância, que não precisava de nenhum outro para o setor, ele faria a função.
Não conseguiu! Colocou as negociações nas mãos de Valdir Barbosa, gerente de
futebol e Benecy Queiroz, supervisor de futebol. A partir daí, não sabíamos
mais quem falava pelo clube, Gilvan era desmentido por Valdir, que era
desmentido por Benecy. A hierarquia já não funcionava mais. O presidente
diminuiu drasticamente o número de entrevistas, quando falava, fugia das
perguntas sobre os erros de planejamento e insistia no discurso de que tudo
está bem. Fez a torcida de trouxa com tanto amadorismo. Não parece cobrar seus
companheiros de direção, não cobra os jogadores e apoia as decisões da comissão
técnica. Isso tudo sem se preocupar em dar explicações para aqueles que
sustentam um clube de futebol, os torcedores.
O
torcedor vem sendo castigado pela arrogância do presidente e seus subordinados.
Seria possível citar estas nove situações e o time estar em melhor situação no
campeonato. No entanto, elas são acompanhadas da não aceitação da realidade.
Dirigentes, comissão técnica e jogadores ainda não assumem os próprios erros,
estão presos ao Bicampeonato Brasileiro. É preciso que entendam a nova
situação, reconheçam as falhas para então, buscar soluções para evoluir dentro
da competição e voltar a brigar por títulos, independente do campeonato que
estiver.
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