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segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Deus ajuda quem trabalha

Fala, Maior Torcida do Mundo! 

Vamos trocar nossos costumeiros dois dedos de prosa sobre o jogo de ontem?
Bom, sem meias-palavras, o grande destaque não poderia ser diferente: vencemos. Agora, o famoso outro lado da moeda: Convencemos? E aqui é que nossa análise merece ser melhor detalhada.
Olhando apenas para o resultado final, vai ter muita gente que vai cravar: “Sim! Convencemos! Está aí o resultado para mostrar...”
Bom, esse não é exatamente o parâmetro ideal, bastando que nos lembremos do jogo de meio de semana, com o América-MG, onde a despeito da (magra) vitória, apresentamos um “futebol” (quem assistiu vai entender o porquê das aspas...) que mais uma vez remeteu aos piores dias de 2015. Não, amigos, vencer não pode ser necessariamente parâmetro para convencer.
E aí, permitam-nos algumas ressalvas. Primeira delas: Há que se diferenciar convencer com animar. Não há nenhuma dúvida de que foi animadora a nossa atuação no primeiro tempo.
Guerrero marca o seu primeiro gol pelo Flamengo em um clássico (Gilvan de Souza/Flamengo).
Visivelmente o nosso meio-campo transmutou-se da água para o vinho na noite passada. De um lado, a proteção à zaga e a transição desta com o ataque deram um claro salto de qualidade com a entrada do colombiano Cuellar (futebol, amigos, é simplicidade; basta que o volante de contenção/ligação toque a bola e corra para se tornar opção para receber de volta para vermos a evolução que vimos ontem). De outro, Mancuello (que finalmente parece ter encontrado seu espaço em campo – pela meia-esquerda, saindo de trás da linha central com a bola, e não escondido nas costas do meio-campo adversário) e Arão (peça que se consolida como fundamental no Flamengo 2016) jogaram o fino, mostrando que, mantido o padrão de jogo atual, não sofreremos mais de acefalia no meio de campo.
Nossa defesa mostrou-se mais uma vez sólida e focada, sem apagões generalizados (nosso talibã está quase conseguindo a façanha de evoluir de “tem que ser banido do clube” para “tem que ser banco”). Nossos laterais muito bem defensivamente (muito em função da cobertura precisa), embora ofensivamente apenas Rodinei esteja se apresentando (muito bem, destaque-se) para o jogo (Jorge continua irritantemente tímido em termos ofensivos, inclusive falhando muito nos cruzamentos nas poucas vezes em que se apresenta ao ataque).
E nosso ataque (à exceção de Sheik, que continua jogando muito abaixo de seu potencial, especialmente por prender demais a bola em momentos de jogadas rápidas), mais uma vez teve uma ótima atuação.
César Martins fez a sua melhor partida pelo Flamengo (Gilvan de Souza/Flamengo).
Sim, por tudo isso que foi dito, foi animador. Pensamos, no entanto, que convencer exige um ingrediente a mais: constância. E quando paramos para olhar o que aconteceu com o time numa grande parte do segundo tempo (em que claramente o Flamengo “desligou-se” do jogo por muitos minutos, entregando perigosamente a posse de bola ao Flu aparentemente por considerar que estava com o resultado na mão), vemos que ainda estamos distantes da constância que poderia fazer com que o animador se tornasse convincente.
É claro que muito se viu de bom, mas não podemos nos esquecer de nosso grande objetivo do ano, que é efetivamente ser protagonista a nível nacional, e neste sentido, como muito bem observado pelo técnico Muricy Ramalho na coletiva pós-jogo (aliás, vêm merecendo destaque as coletivas do professor, sempre muito assertivas e diretas, sem a “poeira debaixo do tapete” de outros tempos), ainda falta bastante.
É óbvio também, e bom que se diga, que a expulsão (injusta) de Cuellar ajudou muito nesse “desligar” do time. Claramente nossos jogadores sentiram que a saída do colombiano poderia influenciar o rendimento da equipe (o que aconteceu). Nesse momento, talvez tenha faltado uma boa dose de força mental, para manter o foco a despeito de um acontecimento em campo.
A conduta que concede a um time o rótulo de “time vencedor” é forjada, moldada e consolidada com várias etapas de trabalho, estas que abrangem não apenas o treino e o condicionamento físico, mas também o preparo psicológico exigido nas situações adversas. E muito embora essa lacuna psicológica ainda tenha chamado a atenção no jogo de ontem, ficou muito evidente a grande evolução técnica/física que o “aqui é trabalho, meu filho” já nos trouxe.
Impressiona o grande número de acertos de passes (nosso calo de longa data) e a já mencionada solidez defensiva do time (inclusive com a marcação pressão no campo adversário, coordenada, muitas vezes com dobras de marcação, e buscando sempre ser feita sem faltas).
E ainda há quem questione o dito popular “Deus ajuda quem trabalha”.

Vai que tô te vendo, Mengão trabalhador!

Grande abraço! 

SRN





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