Acabou a fase de classificação do estadual. Agora a
temporada começa a ganhar mais charme com as decisões do torneio regional chegando.
Foram quase 2 meses de disputa que coroaram na noite desta quarta-feira, 20, os
8 classificados à fase de quartas de final. São eles: Atlético, Cruzeiro,
América, Boa Esporte, Tombense, Caldense, Patrocinense e Tupynambás.
Taça que será entregue ao campeão mineiro em 2019. Foto: FMF/Divulgação. |
O Galo começou a temporada claramente priorizando a
classificação à fase de grupos da Copa Libertadores. Com isso, em um
planejamento já pedido por grande parte da torcida há algum tempo, utilizou em
grande maioria dos jogos da primeira fase do estadual o time alternativo,
reserva, mistão. A ideia foi comprada pela torcida que apoiou desde o início a
molecada, fazendo sua parte da arquibancada, dando tranquilidade àqueles que
ainda buscam espaço no elenco alvinegro. E o resultado veio em campo.
Líder da primeira fase, melhor ataque, segunda melhor defesa,
sequência final de 8 vitórias seguidas e apenas uma derrota, numa partida onde utilizou
os jogadores de menor espaço do elenco, um time C com um pouco de D. Tratou o
estadual como se deve, torneio importante, porém interessante para um
laboratório, fazer testes de peças na equipe, variações de jogo, rodagem de
elenco e oportunidade para jovens promessas mostrarem seu potencial. E tivemos
boas surpresas.
A começar no gol. O goleiro Cleiton, de 21 anos, demonstrou
bastante maturidade e nos deu um pouco de esperança de que, se lapidado
corretamente, tem totais condições de ser o sucessor do nosso São Victor na
meta alvinegra. Com 1,90 m de altura e bastante envergadura, Cleiton demonstrou
confiança e liderança por diversos momentos do campeonato. Boa saída do gol
para fechar os ângulos do adversário, reflexos em dia e reposição de bola
bastante interessante. Claro que ainda tem muito a evoluir e apresentou alguns
erros básicos, como saídas em bolas alçadas na área alvinegra. Nada que treinamento
diário colabore para que possa ter sequência no nosso gol.
Foto: Bruno Cantini/Atlético. |
Na linha defensiva, Guga fez boas apresentações, e com
aclamação da massa conseguiu seu espaço no time considerado titular. Com ótimo
apoio, bom passe e habilidade, rapidamente conquistou a torcida e desbancou o
antigo titular Patric. Uma jovem promessa da base também teve chance: Renan
Guedes atuou em duas partidas, porém não teve muito destaque, mas ainda é pouco
para avaliar quem acabou de subir ao profissional. A dupla de zaga foi a mesma
que terminou o ano de 2018 no time titular. Nosso eterno capitão Léo Silva, em
seu torneio de despedida, mostrou que vai deixar muitas saudades na torcida alvinegra.
Maidana ensaia alguns bons passos de evolução, mas ainda está atrás da dupla
titular Réver e Rabello. Martin Rea enfim teve oportunidade de mostrar a que
veio, e me agradou. Mostrou segurança, zagueiro sério. Não será titular, mas
com a aposentadoria de Léo Silva, pode nos ser útil durante a temporada. O problema
crucial nosso continua sendo o reserva da lateral esquerda. Carlos César
começou o ano improvisado por ali, fez jogos regulares, mas ainda não transmite
total confiança. O garoto Hulk, terminou a fase inicial do campeonato sendo
mais utilizado, e apesar de algumas boas atuações, precisa evoluir muito para
se sagrar o reserva imediato do nosso carequinha Fábio Santos.
No meio campo, gratas observações a meu ver. Volante sensação
da base, Neto, de apenas 16 anos, fez sua estreia no profissional e demonstrou
bastante personalidade, potencial muito elevado para um garoto ainda tão novo. Se
for bem utilizado, nos trará ótimos retornos técnicos e financeiros no futuro.
Lucas Cândido, que por muito tempo sofreu com graves lesões seguidas, parece
ter se encontrado fisicamente. Para ser uma quarta, quinta opção na volância, não está mal: mostrou segurança, boa visão de jogo e desarmes precisos. Pode
ajudar. Jair, a exemplo de Guga, também conseguiu se destacar e ganhar mais
oportunidades no time principal. Como a disputa é grande nesse setor, há sempre
um rodízio no time titular, mas Jair vez ou outra ganha uma chance pelo
mostrado no estadual. Outras peças dos times de baixo do Galo, como Daniel Penha, Helio Jr, Marquinhos
também deram o ar da graça, sem muito destaque. Vale a pena pensar em algum empréstimo
para conseguirem ganhar casca e nos ajudar, quem sabe, futuramente. Um meia em
especial me chamou a atenção: Bruno Roberto, filho do grande lateral Bruno,
mostrou grande qualidade técnica com a bola nos pés, mas precisa ser cobrado
taticamente. Habilidoso, às vezes Bruninho se empolga em fazer uma grande
jogada individual para talvez chamar a atenção do treinador ou da torcida e
acaba não enxergando uma melhor opção de jogada para a equipe, um passe lateral,
uma tabela, uma bola enfiada. Qualidade tem, o que falta é saber usar com inteligência
essa técnica e ajudar a equipe. Melhorando isso, tem tudo para ser um grande
meia.
Bruninho mostrou qualidade mas precisa ser mais objetivo. Foto: Bruno Cantini/Atlético. |
No ataque tivemos talvez as melhores notícias. Leandrinho,
depois de um ano bem abaixo do esperado, mostrou que quando solicitado tem, sim, condições ser útil ao time. A briga ali na frente é bastante intensa, mas em
momentos em que o calendário apertar, jogos do Brasileiro junto com decisões na
Libertadores e Copa do Brasil, precisaremos de elenco e ele demonstrou uma boa
opção de lado de campo.
Alessandro Vinicius. Outra promessa da base, visto por
muitos que acompanham como um próximo grande nome revelado pela nossa equipe. Começou
meio nervoso seus passos no profissional, mas com a confiança depositada pela
comissão técnica e o apoio da torcida foi se soltando e aos poucos ganhando
destaque nos jogos. Com bastante personalidade, Vinicius não teve medo de
encarar os zagueiros e mostrou habilidade, velocidade e boa visão de jogo para também
escrever seu nome para uma possível necessidade da temporada.
Foto: Bruno Cantini/Atlético. |
E, por fim, temos a redenção do garoto Alerrandro. Depois de
um primeiro ano no profissional conturbado, o jovem centroavante mostrou uma
nova cara em 2019 e tudo pode se explicar por um nome: Emanuelly. O camisa 44
teve diversas oportunidades em 2018, não conseguiu balançar as redes e sofreu
com a já característica cobrança da torcida com a molecada da base.
Foto: Marcelo Alvarenga/AGIF. |
Foi afastado do time principal depois de problemas na sua
renovação de contrato, voltou ao sub-20, teve problemas com a comissão técnica,
foi mal na sua participação da Copa RS em dezembro e também na Copa SP de
futebol júnior em janeiro. Mas tudo mudou dia 2 de fevereiro. O jogo era no
Independência contra o Guarani, Alerrandro terminava o aquecimento antes do
jogo quando sua esposa envia a foto de sua filha que acabava de nascer. Ali a
sorte do garoto mudou. Ele abriu o placar em lance típico de camisa 9,
aproveitando ótimo cruzamento da direita, uma cabeçada firme. Foi seu primeiro
gol no profissional. Desde então, o camisa 44 tomou gosto pela coisa e desandou
a marcar no estadual. Terminou a fase de classificação como artilheiro isolado
do torneio, com 8 gols, deixando para trás nomes consagrados com Fred e seu
companheiro de equipe Ricardo Oliveira.
Com a confiança em alta, Alerrandro conquistou um espaço
interessante no elenco alvinegro e agora só aproveita seu caso de amor com a
torcida atleticana. Hoje se consolida como reserva imediato do Pastor e apesar
da chegada de Papagaio, que veio com grandes credenciais pelo que fez na base
palmeirense, a nossa cria deu um grande um passo à frente nessa disputa e o
jogador emprestado pelo Verdão terá que batalhar bastante para conseguir seu
espaço no time.
Alerrandro é o artilheiro do campeonato, com 8 gols. Foto: Bruno Cantini/Atlético. |
Agora é fase eliminatória. Quem perder sai. Conquistamos a
vantagem de decidir em casa, mas temos que buscar a vaga na bola. Papo clichê
demais, mas não existe bobo no futebol. Uma desatenção pode significar a
eliminação do estadual. E começar o ano com um título conquistado pela força do
elenco seria fundamental para o ânimo da torcida e dos jogadores para o
restante da temporada. As quartas de final já serão nesse domingo, contra o
mesmo Tupynambás que enfrentamos na rodada derradeira. Mas, dessa vez, o jogo é
no nosso salão de festas. Temos que lotar o Mineirão e empurrar esse time para
mais uma semifinal estadual. Com o jogo sendo na véspera do aniversário do Galo,
a diretoria prepara uma grande festa em comemoração aos 111 anos de fundação. É uma ótima oportunidade para a família curtir esse momento que, com certeza, será bastante
marcante.
#AquiÉGalo
#Galo111Anos
Rodrigo Ricoy Santiago
Twitter: @dih_ricoy
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