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terça-feira, 29 de outubro de 2019

O Novo Testamento e os milagres de Jesus

Reprodução: Alexandre Vidal, Marcelo Cortes & Paula Reis / Flamengo

Durante anos, talvez décadas, imperou no futebol brasileiro o método do resultadismo e o pragmatismo, praticados descaradamente pelos treinadores daqui, não na busca pela vitória, mas na busca pela “não derrota”. Em decorrência disso os jogos ficavam cada vez mais desinteressantes até que em junho deste ano tudo isso estaria pra mudar. Pouco mais de 4 meses trabalhando no Brasil o treinador português Jorge Jesus vai operando milagres à frente do Flamengo, quebrando recordes, paradigmas e ditando novas formas de enxergar o futebol. Formas que são comuns no cenário europeu, mas que no Brasil e até mesmo na América do Sul como um todo pareciam proibidas de serem aplicadas.

O “Mister”, como gosta de ser chamado, chegou ao país com a missão de tirar o Flamengo da fila dos títulos importantes após 6 anos em branco. Teoricamente seria um trabalho complicado já que, até aquele momento, o time se encontrava à 8 pontos atrás do líder Palmeiras que inclusive já era dado como campeão por vários veículos de comunicação. Na Copa do Brasil, um duelo difícil contra o Athletico, clube que historicamente sempre complica os cariocas e, na Libertadores o Emelec, que também foi responsável por um trauma recente dos rubro-negros na competição sul-americana.

Assim que teve o primeiro contato com seus novos comandados, o Mister já fez uma grande mudança e operou o seu primeiro milagre: transformou Willian Arão em 1° volante. A imprensa tratou o caso como algo bizarro, até mesmo porque, num jogo treino contra o Madureira, o jogador mostrou bastante dificuldade na nova função e escutou a famosa bronca “tá mal, Arão!”. Hoje, Arão é fundamental no esquema do time e passou de “patinho feio” para “patinho bonito” (alusão feita pelo próprio Jesus em coletiva) e vem fazendo com que o torcedor rubro-negro não sinta falta do antigo dono da posição e xodó da torcida, Cuéllar.

Após ter de volta os jogadores que estavam na Copa América, Jesus fez outra mudança significativa. Geralmente, a maioria dos treinadores por aqui costumam dizer que “fulano e ciclano não podem jogar juntos” e foi o caso do antecessor Abel Braga. Para Abel, Bruno Henrique e Arrascaeta não podiam jogar juntos por ocupar a mesma faixa do campo... O Mister provou o contrário. Hoje eles não só jogam juntos como se complementam e, ao lado de Gabigol, formam um trio avassalador com números IMPRESSIONANTES. São os 3 líderes na artilharia do campeonato brasileiro, por exemplo.

Em relação aos reforços, Jesus recebeu Rafinha e Filipe Luís, que já negociavam com o clube da Gávea antes de sua chegada, e pediu a contratação de Gerson e Pablo Marí. Pela indicação desses dois, novamente foi criticado pela imprensa. Gerson era visto pelos críticos como preguiçoso e Marí era criticado por jogar na 2° divisão da Espanha. Mais uma vez o técnico luso se mostrou com a razão. Hoje, Gerson é pedido constantemente na seleção brasileira, enquanto Marí é extremamente elogiado por todos pela sua segurança e técnica.

Jesus implementou intensidade, agressividade, defesa alta, marcação pressão... Tudo isso vem sendo feito de uma forma que também é "novidade". A mentalidade de poupar jogadores (uma regra por aqui até então) não faz parte das ideias do Mister, que joga com o que tem de melhor em TODOS os jogos, independente da competição. A trajetória do Flamengo nesses 4 meses beira a perfeição, com exceção da eliminação na Copa do Brasil para o Athletico (que foi o campeão), o time nada de braçadas no campeonato brasileiro. São 10 pontos à frente do vice-líder Palmeiras e nos últimos 45 pontos disputados, o clube carioca conquistou incríveis 43! 3 Desses 43 pontos ganhos fazem parte de um outro milagre de Jesus, que foi a grande vitória sobre o Athletico na Arena da Baixada, onde o "Mais Querido" nunca havia vencido na história do campeonato brasileiro. O 3° milagre aconteceu mais recentemente quando, na última quarta, o Flamengo aplicou uma goleada categórica no Grêmio e se classificou para a final da Copa Libertadores, algo que não acontecia há 38 anos! 

É verdade que o ano ainda não acabou e que Jesus não conquistou nada comandando o time carioca, mas, convenhamos... É questão de tempo até o Flamengo levantar a taça do campeonato nacional e, se nada extraordinário acontecer, chega como favorito para enfrentar o River Plate dia 23, em Santiago. Mesmo sobre forte oposição (e até uma certa xenofobia) dos treinadores brasileiros e também de parte da imprensa, aos poucos Jesus traz seu Novo Testamento para nos ensinar que para ter sucesso não se deve ter medo de ganhar, mas é preciso se impor, ter sede de vitória e, como ele disse na sua primeira reunião com o elenco rubro-negro: “Ganhar, ganhar e ganhar”. 




Por: Lucas Bazílio Nascimento
Instagram: @9bazilio / Facebook: Lucas Bazílio

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