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quinta-feira, 14 de maio de 2020

Raí: um cara que se posiciona


Que Raí é uma das figuras mais importantes da história do São Paulo todos sabem, mas o forte posicionamento político do ex-camisa 10 quando criticou o presidente Jair Bolsonaro pode ter sido surpresa para aqueles que não o conhecem muito bem. O ídolo são-paulino nasceu em uma família em que o estudo sempre foi muito valorizado, e teve como uma de suas influências o lendário irmão Sócrates. Seu tempo vivendo na França também foi importante para que construísse uma visão voltada para ações sociais, pois viu a diferença daquela realidade para a que estava acostumado no Brasil. Nesta matéria você conhecerá um pouco do comportamento do ídolo são paulino fora das quatro linhas.
Foto: Rubens Chiri/saopaulofc.net.
Críticas à Bolsonaro
No dia 30 de abril de 2020, Raí afirmou que o São Paulo seria contra apressar a volta do futebol em meio a pandemia e criticou a postura de Jair Bolsonaro, sugerindo que o atual presidente renunciasse ao cargo para evitar um traumático processo de impeachment. Aproveitou para citar o irmão Sócrates, um dos líderes da Democracia Corinthiana e importante na campanha das Diretas Já, imaginando um posicionamento ainda mais forte por parte do Doutor. O atual dirigente tricolor já comentou sobre a influência do irmão em suas declarações: “A perda do Sócrates me cutucou. Resolvi deixar
a irreverência dele me provocar mais, que não é o natural em mim, mas é o legado que ele deixou”.
Entretanto, essa não foi a primeira vez que o ídolo tricolor se manifestou contra o atual presidente da República. No final de outubro, logo após o resultado das eleições, quando demonstrou seu descontentamento ao se dizer “triste e até assustado” com a celebração pela vitória de um candidato que já mostrava “valores absurdos e repugnantes”.
Projetos de ação social
Em dezembro de 1998, em parceria com o também ex-atleta Leonardo, inaugurou a “Fundação Gol de Letra”, uma organização sem fins lucrativos que tem como objetivo contribuir com a educação de crianças e jovens de comunidades socialmente vulneráveis, para que tenham mais oportunidades e perspectivas de vida. O trabalho foi e continua sendo um sucesso. Entre os feitos mais marcantes dessa instituição estão o reconhecimento pela UNESCO como modelo no apoio às crianças em situação de vulnerabilidade social, a nomeação de Raí como um dos 20 líderes sociais do Brasil e a conquista do prêmio “Personalidade França-Brasil do ano de 2012”, além, é claro, de ter promovido melhores condições à milhares de crianças ao longo desses 22 anos de atividade.
Foto: Reprodução.
Outra instituição que o lendário camisa 10 tricolor ajudou a fundar foi a “Atletas pelo Brasil”, criada em junho de 2006 com a intenção de reunir atletas e ex-atletas de diferentes gerações e modalidades pela melhoria do esporte e, por meio deste, pelos avanços sociais do país. Em 2013, às vésperas da Copa do Mundo no Brasil, através de sua entidade, se movimentou para a aprovação da emenda à MP 620, que muda a Lei Pelé e traz mais transparência e gestão ao esporte brasileiro. Além disso, criticou o antigo Ministério do Esporte por não ter uma política clara de incentivo à formação de atletas e transformação social através do esporte. Também teceu duras críticas ao então presidente da CBF, José Maria Marin, afirmando que ele representaria “uma dinastia que trouxe vícios, falta de transparência, que defende outros interesses acima do esporte”.
Lançamento de livros
Reconhecido por, além do talento inegável dentro de campo, ser uma pessoa esclarecida e saber se expressar muito bem, Raí usou essa habilidade para levar conhecimento ao público infanto-juvenil através de seu livro “Turma do Infinito”, que fala sobre a relação de quatro amigos que se conhecem na escola e passam a experimentar sentimentos como a amizade, a tolerância e a convivência, sempre com um toque de Filosofia para provocar a reflexão dos leitores.
Também usou de sua vitoriosa e exemplar carreira no futebol para lançar, ao lado de Soninha e Milly Lacombe, o livro “Para ser jogador de futebol”, onde dá algumas dicas para quem quer trilhar esse caminho, discute as relações entre felicidade e futebol e como cada jogo deve refletir o melhor de cada indivíduo — paixão, dedicação, superação e perseverança. Seu último lançamento foi em 2015, quando o livro “Raí — Auto Fotobio” chegou às livrarias. Na obra, o craque conta da infância, da família, da descoberta da vocação e do início de carreira.
Raí sobre posicionamento político e futebol
Quando, em 2015, foi questionado sobre a falta de posicionamento e engajamento político por parte dos jogadores da atualidade, o hoje dirigente do São Paulo reconheceu que sua postura sempre bem definida foi estimulada no ambiente familiar e declarou não acreditar ser essa a mesma realidade da maioria dos atletas brasileiros. Porém, não deixou de ressaltar a importância de que, pela visibilidade que possuem, os jogadores se posicionem politicamente e afirmou que tenta buscar isso através de sua organização “Atletas pelo Brasil”, chegando até mesmo a discutir a criação de um material para a formação dos atletas com a intenção de mudar esse perfil tão comum nos futebolistas brasileiros.
Foto: Reprodução.
Por: Odilon Junior.

2 comentários:

  1. Raí , eterno ídolo! Por mais pessoas assim , que fazem a diferença neste mundo.

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  2. Muito boa a matéria, realmente é uma personalidade no mundo futebolístico diferenciada.

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