A maior tristeza que o Inter me deu na vida foi ter alguns de seus lendários nomes jogando em épocas que não vivi. Cresci com a certeza de que faltava alguém dentro das quatro linhas que pudesse aflorar em mim aquele encantamento todo que eu já tinha pelo Clube do Povo, faltava um Dom Elias, um Gamarra, um Manga ou um Falcão.
Talvez por ser exigente demais, nunca havia encontrado um jogador que pudesse transcender as barreiras do campo e tornar-se um ídolo pra mim, desmistificando aquele meu pensamento cético de que o melhor do Inter eu já havia perdido. Entre idas e vindas, porém, uma janela de transferência mudou tudo: Pablo Horácio Guiñazu chegava ao Inter em 14 de junho de 2007.
Pablo Horácio Guinazu Foto: Lucas Uebel, VipComm |
Vindo direto do Libertad, do Paraguay, o volante argentino de 28 anos chegou como promessa para fechar o cerco colorado, sendo exaltado pelo grande poder de marcação e pela movimentação intensa no gramado. De fato, mais tarde percebeu-se que não era possível que aquele homem de 1,72m tivesse apenas dois pulmões dentro do corpo, El Cholo era incansável.
Foto: Jefferson Botega |
Não foram poucas as partidas em que vi ele correr pelo time todo, desarmando qualquer contra-ataque com seus carrinhos cirúrgicos, imaginem então o desespero ao vê-lo expulso injustamente aos 24 minutos da etapa inicial do primeiro duelo contra o Estudiantes, valendo o título da Copa Sul-Americana de 2008. Por sorte, o Internacional não se deixou abater e soube driblar muito bem a situação. Haviam cerca de 50 mil torcedores enlouquecidos no Estádio quando Alex marcou o gol que tirava a invencibilidade de 47 jogos dos donos da casa, mas isso é história para outra hora...
Entendo que talvez alguns não concordem com meu facínio por ele, mas para alguém que sempre valorizou a entrega e a garra, aquele futebol aguerrido e peleador só poderia mesmo encantar. Eu lembro bem de como vibrava a cada lance dEl Cholo, comemorei como se fossem títulos os únicos quatro gols dele com a camisa do Internacional, até que 282 jogos e 9 títulos depois, ele deixou nosso colorado para voltar ao Libertad em meados de 2012, após deixar sua marca nas seguintes conquistas:
Campeonato Gaúcho: 2008, 2009, 2011 e 2012
Dubai Cup: 2008
Copa Sul Americana:2008
Copa Suruga Bank: 2009
Copa Libertadores da América: 2010
Recopa Sul Americana: 2011
Pablo Horácio Guiñazu conquistou a torcida rapidamente, dava gosto vê-lo em campo honrando as cores do nosso manto sagrado com toda a garra que dispunha. Não atoa ainda guardo em meu quarto uma bandeira e um enorme quadro grafitado em sua homenagem, para que meus afilhados possam olhar e entender que, mais cedo ou mais tarde, também encontrarão em algum jogador improvável o verdadeiro fascínio. Pensando bem, era como já dizia a música da Ataque Colorado, “gladiador dos pampas, fora do normal, ídolo do Internacional”.
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