É necessário entender que o Corinthians desde sempre foi a sua torcida. A Fiel é o princípio, a finalidade e a conclusão deste gigantesco projeto que chamamos de Corinthians.
“O Corinthians não é um time que tem uma torcida, o Corinthians é uma torcida que tem um time”.
A Fiel desde os primórdios tem seus costumes, crenças e hábitos.
Um dos primeiros símbolos da torcida corintiana foi o charuto. Na década de 20, José da Costa Martins foi quem deu início a essa prática levando charutos para o jogo.
O Coringão abriu o placar, e após aquele êxtase de comemorar um gol ele acendeu um charuto e ofereceu os outros aos que estavam ao seu lado. O Coringão marcou mais uma vez, o pessoal novamente acendeu mais charutos em comemoração. No final do jogo fumaram novamente para comemorar a vitória. Nesse dia nascia um hábito entre os corintianos daquela época que logo se espalhou pelo estádio inteiro e se transformou em símbolo da torcida na década de 20.
José da Costa Martins relatou uma vez: "Era um jogo importante, no tempo do amadorismo. Neco não estava escalado. Estranhamos, os torcedores reclamaram. Fomos perguntar o que estava acontecendo. Sabe o que era? Neco estava atrasado com o pagamento das mensalidades - três meses! Não ia jogar porque não estava com os recibos em dia. Não tivemos dúvida: cada torcedor enfiou a mão no bolso, fizemos um rateio, pagamos a dívida e ainda sobrou algum. Neco recebeu a camisa e jogou tudo o que sabia". Hoje é impossível imaginar uma coisa dessas, porem desde aquele tempo a Fiel já demonstrava comportamentos diferentes de outras torcidas.
Na década de 50 surgiam os gritos de guerra vindo das arquibancadas. Francisco Piciochi, mais conhecido como Tantã, puxava pra si a atenção na arquibancada, gritando alto e repetidamente “C O R I N T H I A N S ! ” E pedia para o pessoal acompanhá-lo, como um estrondo a arquibancada se levantava e o acompanhava.
Ali era o início de uma coisa nova. [Tem um pouco disso em uma cena do filme do Mazzaropi com a Elisa da Fiel "O Corinthiano”.]
No templo sagrado do futebol, o Pacaembu, uma turma que sempre assistia aos jogos juntos fundaram em 69 os Gaviões da Fiel. Levando à arquibancada bandeiras, instrumentos, rojões, etc.
No Pacaembu (onde passamos um dos dias mais felizes da nossa história) o sagrado alambrado nos dava o direito de reivindicar. O bandeirinha ouvia as poucas e boas que lhe cabia. O adversário sentia como se a torcida fosse um jogador a mais. E quem cometesse o maior dos pecados contra a camisa alvinegra, o famoso “corpo-mole” era pressionado.
Alambrado do Pacaembu. Foto: Globo Esporte |
A torcida do Corinthians se fez tão presente durante a história do clube, estando presente em todo e em qualquer lugar desse nosso mundão (Vide invasões de 1976, 2000, 2012) recebendo assim o apelido de Fiel. Distância não é empecilho para ver o Corinthians jogar. Assim o apelido virou o próprio nome.
E a nossa torcida hoje?
Com a nova casa, a belíssima Arena Corinthians, a torcida vem se moldando tomando uma nova cara. É notório que a maioria dos torcedores que frequentavam o Pacaembu hoje não podem ir a Arena Corinthians por diversos fatores (Dinheiro é o principal motivo). Sendo assim, estamos presenciando uma nova transição da torcida, essa mudança ainda não está consolidada de uma forma que se assuma uma nova identidade. É uma mistura dos novos frequentadores de estádio com a velha guarda.
Nesta quarta-feira (16), no jogo contra o Cerro, podemos observar uma mescla desses dois estilos. De um lado Os Gaviões com toda sua tradição junto a torcedores do alambrado e da arquibancada de cimento. Do outro, os novos torcedores aprendendo não a torcer para o Corinthians, mas sim a jogar com o Corinthians. Dr. Sócrates já dizia “As outras torcidas torcem, a do Corinthians joga com o time”.
Torcida do Corinthians apresentando o mosaico. Foto: Corinthians.com.br |
Fiel torcida mostrou a força do nosso Corinthians, provando outra vez que no Brasil não há comparação, é a torcida mais diferente e criativa!
Enquanto isso, os antis, coitados, ainda não conseguem entender que o Coringão tropeça só para ter a oportunidade de se reerguer ainda mais alto.
por Isaque Domingos
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