A formação da nossa 1° Academia, time que tanto orgulhou a instituição Sociedade Esportiva Palmeiras, está intimamente ligada à venda de Mazzola ao futebol europeu. Exemplo de Gabriel Jesus, negociado com o Manchester City, o antigo atacante passou pela base, foi convocado pela seleção e acabou vendido pelo seu belo futebol.
José João Altafini iniciou a carreira no Clube Atlético Piracicabano, time de sua cidade natal. Em 1955, com apenas 17 anos foi contratado pelo Palmeiras e recebeu dos novos companheiros o apelido de Mazzola pela semelhança com o jogador italiano Valentino Mazzola.
Depois de atuar apenas pela equipe juvenil em sua primeira temporada no Palmeiras, Mazzola ganhou uma chance para jogar no time profissional em 1956. Aymoré Moreira, técnico do time principal, desejava mostrar as revelações de nossa base e dispensar alguns medalhões que estavam em decadência.
Apesar das críticas da imprensa na época, o treinador insistiu com o então iniciante Mazzola e decidiu mudar a posição do jovem, que deixou de ser meia para ser atacante. Colocado mais perto do gol adversário, o garoto nascido na cidade de Piracicaba iniciou sua enorme sucesso como jogador. Sua boa atuação com a camisa do Palmeiras rendeu a Mazzola convocações para a seleção paulista. Em junho de 1957, exatamente um ano antes da Copa do Mundo da Suécia, o centroavante foi chamado pelo técnico Sylvio Pirillo para defender a Seleção Brasileira.
Mazzola passou a jogar pela seleção pouco antes de completar 19 anos de idade e, assim como Gabriel Jesus, não sentiu o peso da camisa. Apesar da pouca experiência, o atacante iniciou a Copa do Mundo da Suécia na condição de titular da equipe nacional.
Sob o comando de Vicente Feola, ele marcou dois gols na vitória por 3 a 0 sobre a Áustria, inclusive o primeiro da campanha vitoriosa do Brasil na Suécia. Mazzola perdeu a posição ao longo do torneio e jogou metade dos seis jogos da seleção até o título inédito. Mazzola foi o primeiro jogador do Palmeiras a conseguir o feito.
Quando viajou para disputar a Copa do Mundo, o próprio jogador e os dirigentes palmeirenses sabiam que um retorno seria improvável. Ainda na Suécia, ele foi procurado por representantes do Milan, mas o Palmeiras já havia encaminhado a venda à Roma.
Com uma proposta de 30 milhões de cruzeiros, uma fortuna na época, o Milan levou a melhor e contratou Mazzola, que na Itália passou a ser chamado de Altafini. Um dos principais ídolos da história do clube rubro-negro, ele ganhou dois títulos italianos (1958/59 e 1961/62), além da Copa dos Campeões (1962/63).
Mazzola deixou o Palmeiras com 85 gols em 114 partidas e não chegou a ganhar títulos, mas contribuiu de forma indireta com a formação de uma equipe histórica. Orientado pelo técnico Oswaldo Brandão, o então presidente Mario Beni usou o dinheiro da venda ao Milan para contratar Chinesinho, Julinho Botelho, Romeiro e o volante Zequinha.
Em jejum desde a temporada de 1951, o Palmeiras saiu da fila ao conquistar o Super Campeonato Paulista 1959 diante do Santos de Pelé e ainda faturou a Taça Brasil 1960. Consolidada sob o comando do técnico argentino Filpo Nuñez, a Primeira Academia em seu ponto alto representou a Seleção Brasileira e ganhou do Uruguai por 3 a 0, em 1965. Altafini, por sua vez, adquiriu a nacionalidade italiana e disputou a Copa do Mundo do Chile 1962 pela seleção europeia. Ele ainda passou de forma bem-sucedida por Napoli e Juventus, equipe pela qual conquistou mais dois títulos nacionais (1972/1973 e 1974/1975). Em 1980, jogando pelo Mendrisio, da Suíça, encerrou sua carreira.
58 anos depois de perder Mazzola para o Milan, o Palmeiras vê a saída de mais um atacante com futuro promissor formado em sua base e titular da seleção para o futebol europeu. Diferente de, Gabriel Jesus, autor de 28 gols em 85 partidas, ganhou a Copa do Brasil (2015) e o Campeonato Brasileiro (2016) pelo clube alviverde. O atacante de 19 anos foi vendido ao Manchester City por R$ 121 milhões e o Palmeiras tenta na Justiça garantir participação de 52,5% no negócio.
Responsável por investir o dinheiro recebido com a venda de Mazzola, Mário Beni pode servir de inspiração para Maurício Galiotte, novo presidente do Palmeiras,
que com o apoio da torcida terá um ótimo mandato.
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