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terça-feira, 16 de julho de 2019

Do campo de jogo para...o campo de treino: a forçada mudança de Adilson no Galo


O Galo voltou a campo para partidas oficiais na última quinta-feira, no clássico contra o rival, jogo de ida válido pelas quartas de final da Copa do Brasil. A dura derrota somada a apatia do time em campo foi de revoltar o torcedor, que não conseguiu compreender o que aconteceu com a equipe que vinha em uma crescente antes da parada da Copa América e encarou um adversário que vinha atolado em polêmicas fora de campo, e dentro das quatro linhas amargava péssimas atuações e a 18ª colocação no Campeonato Brasileiro. Mais uma vez ressuscitamos o rival em um momento que podíamos afundá-lo mais ainda.

Mas o que fez o time do Atlético se mostrar tão entregue em campo, às vezes até desmotivado, sem foco para a grande decisão? A resposta exata talvez não saberemos nunca. Mas um fato ocorrido durante a semana que antecedeu ao grande jogo pode ter uma grande parcela nesse fator emocional do time para a partida.

Titular da equipe até a intertemporada, Adílson voltou aos treinamentos e inicialmente perdeu espaço para Zé Welison. Com o passar dos dias de trabalho na Cidade do Galo começaram a surgir notícias de que o Alemão fora liberado para tratar de assuntos pessoais e estaria de fora dos treinamentos. Ele completou 6 dias sem aparecer em campo e isso causou uma certa desconfiança de todos. O clássico veio, a derrota também. Deitei na cama com um sentimento de muita raiva por tudo que aconteceu naquele jogo. Quando acordei na sexta, 12, já recebo uma notícia pesada pelos grupos de WhatsApp: Adílson possivelmente anunciaria a aposentadoria devido a um problema de coração.

Foto: Bruno Cantini/Atlético.
De cara não queria acreditar. Nosso volantão, tão duro em campo, sofrendo um baque desse fora das quatro linhas. Em sua coletiva na parte da tarde foi complicado segurar a emoção. Ao lado de Rui Costa, e aos olhares de todo elenco, Adilson foi as lagrimas ao explicar o sentimento que era ter sua carreira pausada tão precocemente por um problema no coração. A cardiomiopatia hipertrófica causa um mal funcionamento do miocárdio, musculo do coração, e como explicou o cardiologista do clube, o Dr. Haroldo Christo Aleixo também presente na coletiva de sexta, impede Adilson de continuar jogando futebol. Foi o mesmo problema que culminou com a morte de Serginho do São Caetano, em partida contra o São Paulo em 2004.

Adilson Warken chegou ao Atlético em março de 2017 e logo mostrou que deixaria tudo em campo. Em sua primeira final pelo Galo, contra nosso rival pelo Campeonato Mineiro daquele mesmo ano, ele já deu suas cartas. Marcação forte, grande proteção para a defesa alvinegra. Ao fim, expulsão clássico de um jogo quente entre os dois maiores clubes do estado. Adilson estava enfim nas graças da torcida. Em 2018, acabou preterido pelo técnico Oswaldo de Oliveira e quase teve sua saída do clube sacramentada ainda na pré-temporada. Mas o volante deu a volta por cima, e em campo mostrou que seria fundamental ao time. Recuperou seu espaço e conquistou a confiança de Thiago Larghi que assumiu o Galo após a saída do experiente comandante. Adilson vinha muito bem até uma lesão muscular o afastar dos jogos e após isso retornou mais travado em campo, mas sempre tentando dar o seu melhor pelo Atlético.

Ao todo foram 99 jogos com a camisa alvinegra e dois gols. Rui Costa já avisou que planeja uma homenagem merecida a esse guerreiro que honrou muito nosso manto em campo. Uma participação simbólica em alguma partida para completar a centésima atuação pelo clube e uma placa o parabenizando por todos os seus serviços prestados ainda seria pouco para esse grande profissional.

E que tal mantê-lo ao lado desse grupo que ele mesmo denominou como família em sua despedida emocionante na sexta? Pois é, e nessa segunda-feira na reapresentação da equipe após a vitória de virada sobre a Chapecoense pelo Brasileirão teve novidade na comissão técnica alvinegra. Os jogadores foram apresentados ao novo auxiliar técnico do clube e que já começa seus trabalhos motivando a equipe para o duelo decisivo dessa quarta. Na sexta ele já deixou o recado. Essa é a chance de ele conquistar um título importante em sua carreira. E os jogadores tem toda a capacidade de honrá-lo com mais entrega na partida de volta contra o rival.

Foto: Alessandra Torres/Folhapress.
A motivação já está exposta. O apoio das arquibancadas, como sempre, vai acontecer do início ao fim, agora ainda mais com o reforço de mais um guerreiro alvinegro. Estaremos eternamente gratos por tudo que fez por nós em campo Alemão e desejamos que tenha a saúde plena para enfrentar essa nova caminhada que lhe foi apresentada. A massa está com você Adilson.

Rodrigo Ricoy
@dih_ricoy

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