Paulo César Tinga se despediu do Cruzeiro e do Futebol nessa semana. O campeoníssimo jogador de 37 anos em uma entrevista coletiva, afirmou a sua decisão em parar de atuar devido a idade, a condição física, e principalmente, por ter em mente que, ele já contribuíu significativamente como um grande atleta e como um grande homem. Sim, Tinga ficará marcado pela sua luta dentro de campo, e pela dignidade fora dele.
O já consagrado jogador, veio para BH em Maio de 2012 acreditando em um projeto ousado da diretoria cruzeirense. E por isso confesso, a admiração desse autor que vos fala sobre o Tinga. Ele foi um dos primeiros a aceitar o árduo desafio em reerguer o prestígio do Cruzeiro Esporte Clube, e mais do que isso. O jogador deixou de lado a confortável situação de estar, e de ser ídolo do Internacional para atuar no clube celeste, justamente em um período em que o time era extremamente limitado, e que fatores externos criavam um dúbio ambiente de conturbação e de incertezas no Maior de Minas.
Revista Trip (2014)
|
A coragem do Tinga foi recompensada nos dois anos posteriores, graças as grandes conquistas dos Campeonatos Brasileiros, algo incrívelmente difícil para qualquer clube, e principalmente para uma instituição futebolística não pertencente ao eixo Rio - São Paulo. A entrega em campo em 2012, a sua liderança, tranquilidade, e hombridade, serviram de exemplo para os demais jogadores que chegaram em 2013 e 2014, onde fora possível a realização das mágicas campanhas que encantaram o Brasil, selando de fato, que o Cruzeiro é gigante por seus títulos, pelo peculiar jogo bonito, pelo futebol leal e convincente, e por contar com jogadores bons de bola, e bons de caráter.
Claro que nas campanhas de 2013 e 2014, Tinga não contribuiu de maneira satisfatória para a equipe nessas duas temporadas. A idade, a condição física, e as constantes lesões atrapalharam o seu rendimento nos gramados. Provavelmente um jogador dessa idade, e com passagens pela seleção brasileira, campeão da Libertadores, campeão e respeitado na Alemanha, se acomodaria pelo seu currículo. Tendência natural de uma pessoa que não precisaria provar mais nada. Mas ele não! Fora dos holofotes, esse grande jogador aconselhava os novos jogadores, era um líder do time, transmitia confiança aos colegas e era um cara de grupo, totalmente livre de vaidades, e de quaisquer atitudes de cunho narcisistas.
Homenagem do Borussia Dortmund ao Tinga |
ídolo respeitado e admirados por torcedores rivais |
Como esquecer a sua costumeira educação, o seu bom humor, as suas palavras carregadas de incrível sinceridade? Como esquecer em 2012 as suas atuações dotadas de um intenso folego, disposição, raça, e dedicação ao clube? Como esquecer aquele episódio horrendo na Libertadores de 2014, onde esse homem de um intenso caráter se expôs a uma das maiores insanidades do ser humano, ao sofrer injúrias e racismo? Como esquecer a sua célebre frase após a partida, "Trocaria todos os meus títulos pela igualdade?
Paulo César Tinga transcende a qualidade de ter sido um dos melhores volantes do futebol brasileiro. Além de ter sido um jogador fantástico dentro das quatro linhas, é notório destacar o seu profissionalismo, o seu respeito, a sua vontade, e o seu amor ao Cruzeiro. No final da sua trajetória, ele termina em um grande clube, grande do tamanho de tudo o que ele representou de bom aos colorados, aos gremistas, aos torcedores do Borussia, aos cruzeirenses, a todos os jogadores, a esse país, ao povo negro... 99 não Tinga! Você é realmente 100%!!! Obrigado por tudo, ídolo!
Abraços!
Nenhum comentário:
Postar um comentário