A intenção de Rogério Ceni para a 16ª rodada do Brasileirão era de escalar um Cruzeiro mais ofensivo do que o time que venceu o Santos na semana passada por 2x0.
A escalação divulgada um pouco antes da partida mostrava que Ceni iria para o jogo com um volante apenas, com o Cruzeiro jogando no 4-1-3-2. Neste esquema, Henrique faria a proteção da defesa enquanto Thiago Neves, Marquinhos Gabriel e David ocupariam o meio de campo, com Thiago Neves provavelmente jogando um pouco mais recuado e Marquinhos Gabriel e David dando profundidade ao time e acionando Fred e Pedro Rocha no ataque.
Porém, uma indisposição estomacal fez com que Pedro Rocha fosse sacado antes do apito inicial, dando lugar ao Robinho.
Com esse imprevisto, Ceni adiantou novamente Thiago Neves e colocou Robinho para jogar como um segundo volante.
Essa mudança de última hora fez com que o Cruzeiro ganhasse qualidade na saída de bola e distribuição de jogadas, já que Robinho vem cumprindo bem essa função durante o ano. Porém, ganha em uma competência e perde em outras, como velocidade e profundidade de jogo.
No primeiro tempo o time não demonstrou dificuldades em se adaptar ao esquema diferente do que havia sido treinado ao longo da semana. O Cruzeiro conseguiu manter uma posse de bola funcional e tentou muitos chutes de fora da área.
O lance do gol saiu de uma inversão de Robinho, que enxergou Orejuela subindo sozinho pelo lado direito. O colombiano deu um passe milimétrico na cabeça de Thiago Neves. No rebote de Jordi, Fred apareceu na pequena área e empurrou para o fundo da rede.
Parecia que a sina do Cruzeiro de ficar 14 meses sem vencer fora de casa ia finalmente acabar.
O Cruzeiro teria outras chances de ampliar o marcador ainda no primeiro tempo, mas parou nas defesas do goleiro do CSA.
A grande dificuldade que o time celeste encontrava era fazer o lado esquerdo funcionar. Havia muito espaço por ali, mas Dodô e David não conseguiam se entender. Os dois por vezes estavam muito distantes, o que dificultava uma troca de passes rápida para quebrar a marcação.
E esse bate cabeça não foi só no ataque, porque na hora de recompor eles não conseguiam cobrir os espaços, tanto que a maioria das descidas do CSA aconteceu naquela faixa do campo.
O David é até um caso que merece ser estudado, porque ele consegue fazer o mais difícil que é entrar driblando os jogadores na área, mas peca muito na tomada de decisões.
Eu fiquei pensando se para o segundo tempo não era melhor ter trocado o David pelo Sassá, colocado o Marquinhos Gabriel para jogar do lado esquerdo – que é onde ele rende muito mais – e deslocado o Thiago Neves para o lado direito com o Robinho flutuando um pouco mais desse lado para não deixar essa faixa do campo desprotegida.
Mas, como vem sendo um problema desde o começo do ano, faltou fôlego para o Cruzeiro no segundo tempo. E isso nós já estamos carecas de saber que se deve a inúmeros fatores: preparo físico, a idade avançada de alguns jogadores e o banco de reservas que sofreu baixas durante a temporada.
O CSA ao ver que o Cruzeiro diminuiu o ritmo, adiantou a marcação e pressionou a saída de bola. O time celeste então não conseguia mais sair com a mesma qualidade e começou a errar muitos passes.
E no futebol, vale aquele famoso ditado: quem não faz, leva. E o Cruzeiro chamou o gol do adversário desde que começou a jogar recuado e não apresentou repertório para frear as avançadas do CSA.
O gol do time alagoano saiu de uma recuada de bola que o Cruzeiro acabou perdendo. Edilson – que pelo o que ganha, está devendo e MUITO esse ano – tirou a bola da área com tamanha displicência que ela caiu nos pés de Apodi.
O atacante chutou cruzado e contou com um desvio de Fabrício Bruno e um erro que Fábio não costuma cometer. O empate veio aos 48 minutos do segundo tempo e deixou um gosto amargo na torcida cruzeirense.
Faltava um mísero minuto para a sina acabar, mas pagamos por não ter jogado durante o segundo tempo.
Aliás, esse foi o quarto jogo (pelo o que me lembro) que o Cruzeiro tomou gol no final do segundo tempo em 2019. Já havia sido assim contra a Chape e nos dois jogos contra o Fluminense pela Copa do Brasil. Ou seja, é um problema notório de como falta fôlego e até mesmo psicológico para segurar o resultado nos minutos finais.
Com a intensidade que Rogério Ceni se propõe a jogar, a saída vai ser apostar na base, até porque financeiramente o Cruzeiro está frágil e não vai poder fazer contratações badaladas nesse final de temporada e nem na temporada que vem.
Um destaque positivo, além do primeiro tempo que foi muito bem jogado, fica para a nossa zaga reserva. Fabrício Bruno e Cacá são pratas da casa e assim como demonstraram no jogo contra o Santos, possuem um tempo de bola muito bom, confiança e não comprometem quando são acionados.
No próximo jogo o Cruzeiro tem outro confronto direto, dessa vez contra o Vasco, e precisa de qualquer forma sair com os 3 pontos para se afastar da zona de rebaixamento e ir para o segundo jogo da semifinal da Copa do Brasil com moral e confiança.
O Rogério é um cara muito inteligente e sabia do desafio que lhe esperava quando aceitou vir treinar o Cruzeiro. Que os erros que o time cometeu no jogo de hoje sirvam de lição para os próximos jogos. A gente sabia que não seria tudo um mar de rosas e que as carências do elenco iriam aparecer. Que a leitura do treinador para o jogo de hoje ajude para que o Cruzeiro seja mais letal e mais organizado defensivamente ao ser pressionado.
Com 15 pontos na tabela, o time permanece na 16ª posição, com 2 pontos a mais do que a Chape, que abre o Z4. Se o time catarinense vencer amanhã, os dois trocam de posição e o Cruzeiro é quem vai encabeçar o Z4 – lembrando que o Fluminense tem 1 jogo a menos, já que a partida contra o Palmeiras foi adiada para setembro.
O Cruzeiro precisa fazer a sua parte para não ficar dependendo dos jogos dos adversários – até porque isso não combina com a magnitude do clube.
FICHA TÉCNICA
Estádio: Rei Pelé
Data: 26/08/2019
Hora: 19 horas
Arbitragem: Marcelo de Lima Henrique (RJ). Auxiliares: Luiz Claudio Regazone (RJ) e Nailton Júnior de Sousa Oliveira (CE).
Cartões amarelos: Luciano Castán, João Vitor, Bustamante (CSA). Fábio, Cacá, Jadson (Cruzeiro).
CSA: Jordi, Dawhan, Alan Costa, Luciano Castán, Carlinhos, Naldo (Euller), João Vitor, Jean Cléber (Apodi), Jonatan Gomez, Bustamante, Alecsandro (Victor Paraíba). Técnico: Argel Fucks
Cruzeiro: Fábio, Orejuela (Edílson), Fabrício Bruno, Cacá, Dodô, Henrique, Thiago Neves, Robinho (Jadson), Marquinhos Gabriel, Fred (Sassá), David. Técnico: Rogério Ceni.
Por Carolina Carli
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